Inquietação de uma nova Macabéa

Era um dia quente de verão, com um pôr do sol belíssimo.

A nossa personagem principal tinha trabalhado cerca de onze horas, com as mãos exaustas, o corpo dolorido, reuniu-se em suas últimas forças, dirigiu-se ao ponto do ônibus mais próximo sentindo-se uma versão malfeita e piorada de Macabéa.

Desejava apenas que o ônibus chegasse, para que tomasse um longo banho, e começasse a jornada tripla. Por um segundo, fechou os olhos e rezou. Rezou por uma vida diferente e lamentou cada vez que tinha que passar por todas aquelas situações, e de cada sofrimento.

Enquanto regulava os pesos e se encolhia tentando não chorar, levantou a cabeça e olhou a frente, avistou a sua frente uma jovem com pouco menos de 18 anos. Parecia contente, vestida com uma calça jeans cintura baixa, top preto, ostentava uma barriga perfeita e um sorriso lindo, com o cabelo esvoaçante, andava com aquela paz e tranquilidade de quem ainda tem sonhos e esperanças. Caminhada com os amigos e estavam em um universo particular, onde todos eram felizes.

Ao olhar ao longe aquela cena, nossa versão de Macabéa sentiu uma dor dilacerante. Não pela aparência da outra jovem, não pela felicidade aparentada, nem por nenhuma outra circunstância, foi a epifania gerada por um único questionamento:

Será que de fato deixamos de querer o que queríamos ou só fingimos que deixamos de querer porque temos medo de sofrer?

Tamyrys Hadassa
Enviado por Tamyrys Hadassa em 04/02/2022
Código do texto: T7444822
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