Das cicatrizes vertem versos do ser.
Como amar outra vez? Se as cicatrizes dos tempos ido ainda se faz viva. Numa hipertrofia dos sentimentos que ao ser acionado dói, e dói.... E como um animal arisco foge se recolhe se encolhe o cicatrizado coração. Já não lembra do amor Fíleo, pois os amigos eram colegas de interesses próprios. Do amor storge não se viu, pois o maternal amor não teve, e o paterno amor não viu. Se foi bom pai não se sabe, pois os rebentos cresceram se foram.
Do amor eros traições rejeições, como um campo onde a erva daninha do egoísmo matou a tenra margarida do bem-querer. Hoje na solidão vive o coração. Com medo de amar, buscando alegria na rotisseria dos versos que afloram dum peito medroso.
Só um amor ainda não o deixou, o Ágape, amor da simples expressão de servir e amar. Amor que nutre a alma e a vida faz verter. Amor que sendo sincero, cobre uma multidão de erros. Amor que não pede nada mais que amar só por amar, e amando se faz amado o amador. Amor que é a raiz dos meus versos. Porque fluem e se satisfaz o ser no simples ato do que a escrita do escrever.
(Molivars).