Pois, se todos os ventos posso ser...
Eu posso, ser todos os ventos que eu quiser!
Ser aquele que vem devagar, com a noite;
Numa noite típica e aconchegante de outono e aí serei brisa ligeira.
Vir com o frio de todo um dia, especial, norma e de qualquer feira,
Ou num final de semana qualquer, triste e cinzento!
Num inverno sôfrego, rigoroso e trazer temporal nas estradas;
Revirar os sete mares, vir pra ser tempestade furiosa;
Me revirar em vendavais seguidos, de castigante medo e barulhento;
Congelar por completo o campo, em nevascas e geadas!
Poderei... e porque não, despontar com a primavera colorida!
Me amainar com o balançar perene, de árvores e flores;
Fazer bailar aves, pássaros e passarinhos, todos, todos os beija-flores;
Todas as borboletas, bezouros e enxames de abelhas;
Todo ser alado, até um papel perdido e riscado, depois posto, solto no ar;
Que fora recém atirado e nem se sabe ao certo, aonde pretende e vai cair, e em que mãos...
Chamar em brumas, todos pro grande, incopiável e inigualável, bailado da vida!
Até ser, vejam só, uma ventania indócil e raivosa de pleno verão!
Que atropela todas as ondas do mar, em repfluxo, repuxo e redemoinhos;
Fazer descambar chuva forte sem ter nuvnes pré-carregadas em torrentes grossas e pesadas;
Para serem represadas, uma a uma, todas suas espessas gotas
Resvalando e esgueirando-se, por vielas e valetas;
E assim abastecer, transbordar e até por fim desaguarem...
Ao longo do gigante, oceano da solidão!