Nosso olhar sobre a vida

Quando você passa por um bosque o que você vê? Leon Tolstói escreveu certa vez que “há quem passe por um bosque e veja apenas lenha para a fogueira”. Na minha compreensão, essas pessoas que apenas conseguem enxergar lenha, perdem coisas tão preciosas e impagáveis: perdem de apreciar a sinfonia da natureza quando o canto dos pássaros, o dançar do vento por entre as copas das árvores e o pisar de passos por sobre as folhas caídas se misturam em uma melodia que não pode ser reconstituída de nenhuma outra forma. Perdem de observar a variedade de vidas e existências que ali estão, em cores variadas, em formas diversas, em presenças singulares. Um bosque não é um amontoado de lenha que o fogo consome. Um bosque pode ser o refúgio da vida e o encontro de histórias!

E como você olha para a vida? Quando a percebe, como a entende? O que enxerga nela? Só coisas ruins? Um mundo vastamente perigoso cheio de pessoas traiçoeiras? Um risco constante de morte? Um sofrimento interminável e cruel? Ou será que você consegue entender que a vida é mesmo cheia de desafios, repleta de dores, mas também é aquela que proporciona momentos de conquistas, de sorrisos espontâneos, de memórias que nem o Alzheimer é capaz de apagar? Tudo depende de como você está se colocando aqui. Como um ser indefeso e inseguro, ou como alguém que se apropria da própria história a fim de escrever algo grandioso.

O problema é que desvalorizamos a nossa existência, não reconhecemos que na dificuldade podemos crescer e que na tranquilidade podemos ensinar. Passamos pela vida no modo automático, reagindo a estímulos, deixando simplesmente que o barco siga seu rumo. Mas que rumo será esse? O abismo? Às vezes temos algo precioso bem entre os nossos dedos, no entanto, com escamas nos olhos, contaminados por tantos e limitantes vieses, não enxergamos a preciosidade que ali mora. E, então, a tratamos como banalidade.

Quantas vezes você já tratou o precioso como banal?

E quantas vezes se arrependeu disso?

Pena que o arrependimento só veio depois, quando você percebeu a riqueza que possuía quando a perdeu e se tornou ainda mais pobre.

Então não olhe para a vida em busca de lenha. Olhe para a vida em busca dela mesma. E ela pode ser encontrada. Porque ela somos nós. A vida é o que respiramos. A vida não é algo material, palpável, concreto. Se a vida existe ela somos nós. Então viva-se, desfrute-se, valorize-se. Olhe para o mundo e se sinta como parte dele. Como parte da existência. E, sendo parte da existência, é de sua responsabilidade fazê-la acontecer... Como você quer...

(Texto de @Amilton.Jnior)