Linha da alma

Afiava com saliva a ponta do fio, em inserir do outro lado. Não cabia desânimo, era necessários para afastar o que insistia me encurralar. Isso satisfazia meus anseios, "disputa do esforço" era o nome dado ao risco distinto, entre forças que disputavam entre si. Sabendo que a fraqueza havia tomado conta, sem visão, por reagir uma forte presença me induzia a enfrentar o perigo solto e não revelava em contar o quê! Com a mente confusa não tinha escolha, sem poder enxergar, me passei por quem nunca tinha sido antes. Naquele momento de desligamento de quem eu era, me desvinculei do caminho que jamais deveria viver, a porta se fechava e entrei numa estrada, me tornando um ser nunca imaginado e inacabado. Até que tudo se consome, não sabia onde iria chegar, o importante é o que a alma veio buscar. É o preço que se paga para desapegar do espaço-temporal que por fim é o que submetemos por renunciar os próprios planos, em prol de ceder nossas vontades interrompidas a todo custo. Em outras palavras, como uma linha reta, não tem seu valor se não entrar pelo buraco da agulha para deixar uma costura de ser apenas uma linha, mas uma sequência de remendos arrematados. Prova de que se perdeu as contas, de quantas vezes trocou para completar as voltas que a vida dá até chegar aqui.

Juliana Amorim Alves
Enviado por Juliana Amorim Alves em 20/01/2022
Reeditado em 10/08/2024
Código do texto: T7433722
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