Decisão difícil.

Tudo o que os nossos representantes fazem na administração do país, é feito sem dor de consciência e sabendo que têm o nosso apoio, e por isso vivemos um drama cujo preço de decisão é muito elevado.

Quando um grupo de maus parlamentares propuseram o voto obrigatório em detrimento do voto facultativo eles só conseguiram aprovar tal proposta porque receberam a colaboração dos bons congressistas, aqueles que nós somente ajudamos eleger depois de muito pesquisar; e além do apoio dos probos parlamentares somaram a nossa anuência, também, pois, para tanto, independe de nós termos ajudado a eleger o bom ou o mal deputado, basta-nos comparecer à urna e votarmos e a nossa aceitação já está dada para toda e qualquer decisão tomada por eles. E não adianta dar mostras de arrependimento. Compreendeu?

O presidente só facilitou a compra de armas e munição para a população, porque teve a nossa aprovação, independente de termos votado no candidato vitorioso ou no que foi derrotado.

Leitor, você sabe o que é o 'fundo partidário' e para o que serve? Pois bem, recentemente os congressistas criaram o 'fundo eleitoral', e agora aumentaram seu valor para R$ 5,7bi - ainda em discussão até a sanção do presidente -, assim foi feito porque nós permitimos. Só para deixar registrado: esta quantia sacada dos cofres públicos e desviada para os partidos políticos mandará muito brasileiro pra sarjeta.

Enquanto Bolsonaro nega as mortes pela covid-19, o vírus assola comunidades inteiras mundo afora. Isso só está acontecendo aqui, entre a gente, porque Nós colocamos o Messias sentado na cadeira da presidência. Nós, porque, para o sistema, independe se você votou no vencedor ou no vencido, se compareceu à urna e depositou seu voto válido, já tá valendo, você aprovou.

Quando os parlamentares decidem que um culpado de crime só será preso depois do Trânsito em Julgado em detrimento da Condenação em Segunda Instância, essa decisão tem a aceitação de toda a população, por ter elegido a todos, inclusive o presidente, responsável por sancionar a lei.

Quando o chefe do executivo, através do seu ministro, reduz a destinação de verba e desmantela toda a estrutura do IBAMA (órgão responsável por fiscalizar, autuar e multar além de denunciar à Polícia Federal os responsáveis por grilagem de terras públicas e pela derrubada da floresta amazônica), ele causa essa tragédia com o consentimento de toda a população que compareceu no local de votação e depositou um voto válido na urna.

Saber que Augusto Aras engordou o contra-cheque dos colegas procuradores em até R$ 446 mil no mês de Dezembro último - em plena pandemia - e que a benesse custou R$ 79 milhões aos cofres públicos, nosso dinheiro, isso me deixa revoltado. Um roubo institucionalizado e com a nossa aprovação.

Você nem precisa escolher entre o pior e o melhor candidato, para o sistema, isso é indiferente, basta comparecer à urna e depositar um voto válido e o seu suporte já será computado para tudo que vier a partir de então, queira você ou não, seja o eleito o seu preferido ou não.

Quem cria e propõe leis dessa natureza são os maus deputados federais, mas eles só conseguem aprová-las porque têm a colaboração dos colegas parlamentares que nós escolhemos com muito cuidado.

Sim, sem o apoio destes, vamos dizer assim: dos nossos, estas leis não seriam lavradas, mas, como proibir os deputados de elevado caráter, que nós escolhemos a dedo, de continuarem cooperando para ordenar leis intoleráveis?

Para dar provas contundentes de indignação contra atos de poder tão nefasto só tem uma alternativa, anular o voto, com a esperança de que esse nosso procedimento provoque as mudanças que se fazem necessárias. Um preço alto para uma escolha difícil, eis aí o nosso drama.

Se ao menos o voto fosse facultativo e o candidato ficasse com o ônus de nos procurar e nos convencer da sua retidão de caráter, da honestidade e necessidade das suas propostas, se nos empenhasse a sua palavra e nos garantisse lutar para moralizar o gasto do nosso dinheiro, enfim, e tudo isso pessoalmente ou, no mínimo através de uma conversa por telefone, tal qual se faz na democracia americana, pelo menos a gente não ficaria com dores na consciência de anularmos o nosso voto, por exemplo.

E você, leitor, que chegou até aqui, tem opinião diferente ou prefere continuar nesta ciranda política, se enganando a cada novo desaforo, contrapondo sua utopia contra cada nova vilania. Isso é dar mostras de inteligência?

Dilucas
Enviado por Dilucas em 20/01/2022
Reeditado em 10/03/2022
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