SOM DE PIANO
SOM DE PIANO
O som do piano me leva pelo tempo, me enleva, traz lembranças, momentos que não se apagam. A rua era um pequeno cotovelo, quase que só de casas, dois pequenos prédios quebravam o modelo.
Tinha árvores, especialmente duas, que ao abrirem-se em galhadas, formavam duas forquilhas que funcionavam como cesta de basquete. Um dos moradores montava uma rede de vôlei num canto sem saída e os sets eram disputadíssimas. Afora isso, as peladas no asfalto, pés descalços que se estropiavam e joelhos rotulados de sangue, que pouco se importavam com outra coisa, senão o resultado do 3 vira, seis acaba. Além disso, o jogo de taco e os muros baixos, que serviam de banco para aqueles que esperavam sua vez.
Tudo isso vem à tona, neste momento em que escrevo ouvindo Mozart e lembrando da prima que fazia aulas de piano naquela casa, da Rua Paulo Setúbal.