I-XVII Jaezes de vida e morte
Estava eu imerso há poucos instantes,
exausto por nadar, pressionado por tanto o ar segurar.
Fui salvo por uma colérica besta que, ao abocanhar-me, fez-me acordar.
E ao lembrar de minha vida, esqueci-me de outras.
Mas não me esqueço daquela que se mostra bela,
que me faz tantas noites perder tentando ela rever.
Lembro-me de dias e horas, dos países e das cidades.
Sorte minha ser, entre todos, o único em seu coração,
pois sou ingênuo como os bobos, e malícia alguma trago das vidas que sofro.
E antes que qualquer coisa eu pudesse a indagar, sumiu-se como mágica,
deixando-me como testemunha de tanta besteira inventada.
E sentindo mais do que lembro, sofro por saudade dessas vidas pintadas ao relento.