I-XVI Jaezes de vida e morte
Por aqui, matando o tempo, penso em crimes que, sem coragem, não cometo.
E julgando, tenho lembrado o que agora traz-me espanto: vivos são evidências que fazem de mim morto, e mortos fazem de mim coisa alguma. Dediquemos então a vida à gente assim, pondo-os a rir ou a se irar, livrando-os de se matar.
Digamos que voar é besteira para um mundo que voa por si só,
que nos leva parados ou não, ansiosos pelo passado, alheios ao futuro.
Encontremos um dia as costas de quem deixamos,
pois tanto ando que sinto-me voltando.
E mesmo quem paciência tem, não a tem quando a perde.
Que confessem então, desta vez, o que fizeram e o que merecem.
Esses homens que, rodeados por fumaça, acham sempre ar para zombar de nossas desgraças.