Sobre a tal liberdade
Não posso culpar a indecisão, quando o conflito é justamente com minhas escolhas. Quando, certa do que quero - ou não quero - sigo em uma direção sem hesitar. Até que o momento passa. Olho para trás. Sei que fiz o que queria fazer. Mas então por que me questiono, por que não sossego? Por que fico imaginando as alternativas que sei que não quero abraçar? Será que estou mesmo assim tão decidida quando acho que sei e esqueço que "só sei que nada sei"? Mas, veja, não saber também não me levaria a soluções; somente a mais questionamentos. Os quais até me agradam, é o princípio do aprendizado. Mas quando tudo são perguntas e nada são respostas, será possível saber um pouco mais do que nada? E em meio a tais divagações, passo a compreender melhor o tal "agir sem pensar". Há experiências que você só vai viver se não pensar mesmo, pois, do contrário, a conclusão sempre seria desfavorável. E é mais fácil fechar os olhos do que saltar do precipício observando o destino fatal. A queda, quando de olhos fechados, mais se parece com um agradável voo. Talvez o mais próximo que possamos ter da sensação de liberdade. É um pouco irônico que a própria liberdade não chegue aos pés. Mas não é de hoje que idealizamos conceitos, tão longe da realidade, que semeamos nada mais que nossa própria insatisfação. E talvez seja simplesmente isso: não é indecisão, mas tão somente a incapacidade de contentar-se com os resultados premeditados das escolhas. Por que o inesperado nos maravilha tanto ao mesmo tempo que desejamos ser donos do próprio destino?