Portas fechadas
Trancafiadas, feito as madres cerradas, assim são as portas que me cercam.
Elas, friamente, batem-se quando chego, reabrem-se, alegres, quando outros chegam.
Bato, bato, incessantemente, bato, mas elas parecem nunca se abrirem.
Então, feito criança choro, desesperada, na frente da porta do paraíso, para que quem sabe assim, o Eterno enxergue a minha dor, e decida, piedosamente, abrir não só a porta do paraíso ( que também parece fechada), mas todas as outras que necessito para sobreviver, neste mundo quebrado.
Sei que tanto quanto as portas abertas, as fechadas também demonstram a graça de Deus. Mas, se há favor também nas abertas, porquê para mim isso é negado?
Não me resta nada além do meu sem números de dúvidas, e mãos feridas de tanto bater em portas que não fazem o favor de se abrirem.
Talvez, eu esteja batendo nas portas erradas, aquelas que não são para mim, mas quando saberei distinguir as que são e as que não são para ser minhas? Elas bem que poderiam vir com manuais, e etiquetas de pertencimento, isso faria minha vida mais fácil.
De nada me adianta elucubrar, preciso, mesmo que enfraquecida,seguir batendo, e batendo nas portas que ainda não bati, e nas do paraíso, até que chegue o dia delas, finalmente, se abrirem para mim.
"...e, ao que bate, abrir-se-lhe-á."
Mateus 7:8