[Especial] Chegou o Natal! Que seja de impressões!

Nem acredito, mas já estou diante do meu computador escrevendo mais uma reflexão natalina. Parece que foi ontem que fiz aqui na página uma série de publicações sobre o Natal de 2020, mas já se passou um ano desde que as primeiras palavras foram escritas. Dessa vez não fiz uma série como aquela, embora tivesse tido o desejo. Estive por dentro de alguns projetos importantes que tomaram um pouco do meu tempo e que fizeram o ano parecer ainda mais veloz. O fato é que estamos aqui outra vez, celebrando a data mais especial e sentimental que existe. Uma data de nascimentos e renascimentos. Uma data de encontros e reencontros. Uma data de começos e recomeços.

Que possa nascer o amor. Que possa renascer o perdão.

Ao longo desse ano nós tivemos momentos dolorosos e amargos. As perdas continuaram. As brigas se intensificaram. Não convivemos apenas com as ameaças de uma pandemia sem precedentes, que ganhou notoriedade e domínio por muito mais tempo do que imaginávamos. Ainda não pudemos retomar completamente a vida de antes, embora agora ela pareça cada vez mais próxima. Só que além disso, além de todas as dificuldades causadas pela crise sanitária, tivemos que enfrentar um clima político hostil e cruel, às vezes nos sentimos como se estivéssemos no meio de uma guerra, quando as pessoas são divididas em grupos de seres humanos e um grupo é considerado inimigo do outro, embora os interesses sejam os mesmos: lutar por suas nações, salvar suas vidas.

O problema é que estamos falando de uma nação que tem se dividido em si mesma. Brasileiros contra brasileiros em uma atmosfera densa, sombria, obscura, egoísta, mesquinha. Os interesses de alguns se sobrepondo aos de outros. Discussões inúteis e desprezíveis sendo levantadas, enquanto pessoas morrem, senão pelo vírus, pela fome ou pela falta de sentido nessa realidade tão bagunçada e algoz. E essa ruptura entre compatriotas se fez presente em círculos de amigos e parentes. As pessoas não conseguem mais se reunir sem que nomes aos quais me recuso e me referir apareçam em seus encontros que deveriam ser de confraternizações. É por isso que espero que tenhamos mais amor e mais perdão.

Que possamos amar as pessoas independente de nossas divergências. Mas que nossas divergências sejam apenas isso, divergências, e não justificativas para que barbaridades sejam cometidas. E que possamos amar de verdade, resolvendo nossos conflitos da maneira mais sábia e equilibrada que existe, tendo em nossas mentes aqueles versos que nos instruem a amar como se o amanhã não existisse, porque se formos analisar de verdade, esse amanhã não existe. Tudo o que temos é o hoje e o agora. Na verdade tudo o que temos é o exato segundo. Sobre o próximo não sabemos o que poderá acontecer. Eu mesmo não sabia que nessa reflexão estaria escrevendo essas coisas e veja só o que a vida nos reservou. Hoje você pode amar. Hoje você pode deixar de lado as suas opiniões e entender que mais importantes do que elas estão os sentimentos que você nutre por aqueles que são especiais. Hoje você pode amar e perdoar. Talvez amanhã não mais. Então aproveite enquanto o Hoje ainda é uma possibilidade.

E já que fomos separados por inúmeros motivos, que os reencontros sejam uma realidade. Espero sinceramente que nesse próximo ano possamos abraçar aqueles que há muito não abraçamos, que há muito desejamos ter ao nosso lado. Que possamos tornar a ouvir a voz daqueles que silenciamos porque não soubemos respeitá-los em seu direito de existir como são. Que possamos nos revestir de tolerância e humildade para aceitarmos o fato de que a vida é feita de caminhos. Não existem caminhos melhores ou piores. Existem caminhos. E cada um trilha o seu, almejando que o porto seja a felicidade. Talvez o único caminho errado que exista seja o da opressão. Aquele que força as pessoas o seguirem, sem que seja seu desejo. Esse caminho jamais nos servirá. Jamais nos levará ao amor. Jamais nos encaminhará à felicidade. Se trilhamos por ele é hora de revermos nossos conceitos. Se achamos que as pessoas devem ser todas iguais e seguirem apenas uma mesma ideia então há algo errado conosco: estamos sendo egoístas por medo ou por crueldade?

Mas que novos encontros sejam possíveis. Alguns reencontros nunca mais acontecerão. Podemos ter perdido pessoas amadas para circunstâncias que se tornaram irreversíveis. Mas que isso não nos abale nem trave nossas pernas. Há outros rostos a serem apreciados. Há outras histórias a serem escritas. Há outros sorrisos a serem ouvidos. Que estejamos abertos e dispostos aos novos encontros. Que possamos reconhecer o nosso direito de ser feliz, alegre, de desfrutar de algo bom nessa vida. Que possamos nos permitir àqueles que chegarem e que possamos nos rodear de seres humanos iluminados, sábios, corajosos. Seres humanos com dores e imperfeições, mas que mesmo “falhando’ em alguns momentos, insistem por serem melhores a cada amanhecer.

E que esses encontros e reencontros, permeados por amores e perdões, abram as portas dos começos e recomeços. Que possamos começar novas histórias, mas que também possamos recomeçar histórias antigas. Que possamos corrigir mal-entendidos. Que possamos olhar para as pessoas, para aquelas com as quais nos desentendemos e construímos uma barreira difícil de atravessar, influenciados pelo olhar do perdão, dispostos a nos reconciliarmos, dispostos a recomeçarmos aquilo que um dia foi tão bom. Porém, como eu falei, nem sempre poderemos reverter dadas circunstâncias, então que possamos começar experiências novas instruídos pelos erros passados, esclarecidos quanto aos gestos e comportamentos que nos levaram a eles e que, por isso, devem ser evitados. Que possamos passar por esse Natal refletindo sobre as escolhas que fizemos, as reações que tivemos, dispostos a lutarmos por amores antigos, por alcançarmos perdões restauradores, por fazermos reencontros emocionantes, por nos permitirmos a encontros inovadores, por recomeçarmos projetos paralisados e por começarmos capítulos inteiramente novos porque, apesar de tudo, o livro da vida continua, ainda tem páginas que aguardam por impressões. Pelas nossas impressões.

Que esse Natal o inspire a se juntar a quem realmente importa, a se permitir a quem realmente merece, e, junto de quem realmente faz a diferença, a deixar lindas e marcantes impressões sobre o mundo. As suas impressões. Porque a vida é sobre isso e só sobre isso: sobre as impressões pelas quais seremos lembrados...

Um feliz Natal!

(Texto de @Amilton.Jnior)