I-XI Jaezes de vida e morte

Intermináveis beijos vossos que minha juventude arruína,

não explico de melhor forma se não franzindo o que tenho de rosto.

Ferve-me o sangue.

Ouço bobagens do que tenho sido e fatalidades que me aguardam.

E diante de ti, que rancor algum ouves, és mais feliz do que deveria.

Retornarei então, talvez, com uma carta ou duas,

lembrando-nos desta cidade que, nascida de mim, tanto ostenta as más coisas.

E o silêncio que aos outros significa, nos soa como desculpas de almas distraídas.

Odiando-o não me despeço, pois viveria por ti apenas para que eu não viva por mim.

Seus sonhos, faria-os meus dois ou três, esperando, da fé, algo bom.

E diferente do épico lírico baiano que, no português, tanto acreditam propositar seus erros, vivo crucificado,

às vezes por menos, muitas vezes por menos ainda.

Mas não temo a morte que só ameaça, lembro-me de ti, que aqui faz-se de graça.

Aos que, lendo-me, desacreditam na justiça, vejam destas ofensas justiça que faço por mim.

Santifico-me por guiar quem mal compreende, os dizendo: besteira essa de querer entender egos contundentes.

Aprendam o caminho de casa ao sair dela, orando para que os livrem do que, de volta, os levem a ela.

E livrem-me destes homens que, de todos os tempos, têm gastado apenas o meu.

Murilo Porfírio
Enviado por Murilo Porfírio em 18/12/2021
Reeditado em 23/08/2023
Código do texto: T7410275
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