A BOCA DE MATILDE
Um momento que eu levaria para a eternidade
Seria a boca de Matilde
No exato momento em que me devora
Sem piedade
Eu dizendo não, não, não
Não pode
E ela podendo, me engolindo
Com uma cobra
Engole um ovo
Matilde leva às últimas conseqüências
As suas apostas
Els ganha todas
Meu salário, minha assinatura no cartório
Pelo mísero direito
De ser devorado eternamente
O relógio pára
Dentro de mim tenho um oceano tempestuoso
As ondas batem nos rochedos do meu crânio
Matilde me escoa
E logo o mar está de novo plano
sorridente
Posso voltar para a rotina do trabalho
Ou compor novos poemas
Depois de tanto carnaval
O mundo não precisa ter sentido
Acho que vou comprar flores