Lembranças do rio
Quando criança eu gostava de tomar banho de rio,
Me divertia muito
Aprendi a nadar
Se pudesse ficava dentro d’água o dia inteiro
Teve uma época que meu pai trabalhava pro meu tio, na cheia do rio Marrão
Ele subia com o carro, um desses antigos, carroceria de madeira,
Vendia cerveja, refrigerante, picolé
Eu fui algumas vezes com ele,
Eu me lembro de poucas coisas, mas, lembro o sentimento,
A alegria,
O picolé,
A água, o sol, às vezes me parece que até a chuva e as pessoas contentes.
A farofa
Era tudo tão bom,
O banho de rio no fundo da casa de vó, todas as águas por onde passei
Hoje eu não sinto nada
Não sinto a água em que mergulho, não sinto o frio
Não sinto vontade de molhar os pés, pisar nas pedras, tocar na água,
Não sinto nada
Prefiro estar guardada num canto em que nada me toque
Nem mesmo a correnteza de um rio fresco e o barulho que já me acalmou um dia.