Habermas e Schaeffer
O interesse que se encontra inerente ao conhecimento torna-se um parasita em potencial desenvolvimento, não necessariamente haverá de ser assim. Tal abordagem em uma postura naturalista retira, sem dúvida, a aparente objetividade em todas as suas formas, mas não sem justificá-la sob uma ótica subjetivista: "Na medida em que o termo 'conhecimento' possua um tal sentido, o mundo é conhecível: na verdade, porém, ele é passível de várias interpretações, ele não guarda por detrás de si um sentido, mas um sem número de sentidos (diferentes) - 'perspectivismo'..." O Nietzsche prossegue e conclui em tese que são as nossas pulsões expressa nos impulsos dialéticos (no sentido de ideias opostas); nossas necessidades, que interpretam o mundo. Ressalto aqui que Nietzsche não teria chegado no perspectivismo se não tivesse, a priori, enfraquecido a teoria do conhecimento ao cúmulo de inferir que ela é impossível; ''o seu aprisionamento com o positivismo o faz ficar cego ao ponto de não lhe ser mais possível reconhecer que sua crítica da autocompreensão objetivista da ciência chegava a construir uma crítica do conhecimento a qual o fez entender mal o interesse orientador do conhecimento com o qual havia se deparado, isto é, segundo critérios naturalistas.'' "Dever-se-ia saber, (...) o que é certeza (moral), o que é conhecimento e assim por diante. Mas, como nós não o sabemos, uma crítica da faculdade do conhecimento não faz sentido: de que maneira o instrumento deveria ser capaz de criticar a si próprio, se apenas dispõe de si mesmo para esta crítica? Ele não está nem em condições de definir a si próprio!" Hegel utiliza este argumento contra Kant para induzir a crítica do conhecimento a criticar seus pressupostos e assim levar à uma autorreflexão interrompida. Nietzsche por sua vez valida-se deste argumento para assegurar-se da impossibilidade de toda e qualquer autorreflexão, "Sabemos que a destruição de uma ilusão não perfaz ainda uma verdade, mas representa tão somente uma porção a mais de ignorância, um alargamento de nosso 'espaço vazio', um aumento de nossa 'solidão'." Nietzsche denega a potência crítica da reflexão por meio da reflexão, pois somente assim é possível . Porém, Nietzsche sabia que era uma contradição, pois para ele somos seres irracionais presos nesta dicotomia, a dicotomia entre esperança e razão, advinda a posteriori a certeza do absurdo da existência (Camus _ Sartre) através do fracasso da renascença de unificar o homem em um todo racional, corpo e razão, simétrico, uno e perfeito (homem vitruviano) e do iluminismo, expressão máxima na insuficiência de Kant em pautar uma ética puramente na razão, o levando, assim, a admitir um Deus através do não racional e por necessidade prática, haja vista, o incognoscível, tornando, assim, Deus um "caractere utilitário", ''acessível'' através do agnosticismo, ou seja, um Deus morto, daí o diagnóstico nietzscheano, "Deus está morto". Se faz nitidamente presente o absoluto, a busca de uma teoria unificada; já se deu através do estado absoluto, se deu através da história, o grande agente que expressasse em tese e antítese, verossímil ao significante, como função significar, o vetor que aponta e guia uma série de significados (daí cadeias de significante, por o significado ser volátil) associados a um referente, um determinante, um signo que significa a significação, também expresso na figura do cidadão do mundo, na busca de um amor com toda uma voracidade de alma; este abismo, esta grande falta nunca há de ser preenchida no existente, com um existente, através, ou qualquer outra coisa que queira; o significado relacionado ao contexto nos trás jogos de linguagem, o devir em seu papel de síntese é amoral, a história da filosofia é linear só no papel, não há progresso, qualquer intelectual que se preze minimamente sabe disso, o fim inevitável é o pessimismo, se não o niilismo, sim, o absoluto nada; mais uma vez o absoluto (mesmo isso sendo um absurdo, não mais é considerado uma aporia). Eu poderia dissertar horas sobre isso, mas o fato é, a anulação do ser como gerador de tudo e si, indemonstrável, mesmo que inferido, predicável, mesmo que não em todo, em síntese, do ser, é uma premissa, um axioma. A falsa dicotomia entre eu e o divino, entre a razão e a esperança, levou à uma liberdade ativa ininterruptamente sem propósito e à uma razão que seja pautada no ''substantivo abstrato'', dado o tempo (aqui como ''cadeia significante'' tendendo ao infinito) e o sujeito em análise (como ser-no-mundo), mesmo que a busca, mais uma vez, seja do absoluto _ “(...) interpretar o modo de ser em que esse ente é cotidianamente o aí de seu ser-aí.”_ uma necessidade à constituição da identidade _ ; ainda assim semelhante a concepção clássica do ser, que está a depender de outros. O esvaziamento do termo Deus trouxe o esvaziamento do termo verdade e homem, nos deixando apenas com o vocábulo ausente de qualquer categoria ou com todas elas !? (rizoma); eis o homem moderno, nenhum. A identidade do Homem encontra-se não só no que o diferencia (Aristóteles), como pensavam na renascença, mas também com o divino, o sagrado, exercendo, assim, sua razão de forma límpida; o esvaziamento em categoria do andar superior é por natureza (em essência) o esvaziamento do Homem, o fazendo se identificar com o andar inferior, que é o teatro do absurdo (irrealismo). O que fizeram foram observar a história do ocidente e concluir que não é possível e isto nada mais é que uma conjectura, pois há fatos para essa descrença, mas nada conclusivo; ademais, a cultura judaico-cristã não foi analisada como um sistema, sequer foi analisada. B.Russell argumenta que a revelação é uma aceitação de uma autoridade e a autonomia do homem através da razão não o seria? Se nos lembrarmos da crítica de Hume ao indutivismo teremos um vislumbre de que o naturalismo é uma metafísica, logo, uma busca de um todo e assim sucessivamente, os exemplos e as confluências das análises seriam por demasiadas grandes para serem um delírio produto de um viés. Destarte, quando o andar superior é inexistente ou um sistema possível indeterminado nada é absurdum.