A vida é curta
“A vida é curta para ser pequena”.
Quem disse essa frase foi Chacal. E você já deve ter ouvido inúmeras vezes alguém dizer que a vida é curta e que só se vive uma vez. Mas talvez não tenha prestado atenção nesses dizeres tão corriqueiros, que são proferidos sem reflexão, de forma plenamente automática. A vida é curta. Ela é tão curta que nos deixa com aquela sensação de que poderia ter sido mais quando na verdade já foi tudo. Ou será que você, ao perder alguém querido, um amigo especial, um parente amado, nunca pensou que foi cedo demais, que vocês ainda poderiam viver tantas e incríveis experiências, que a vida foi injusta ao ser ligeira. É isso. A vida passa tão rápido quanto um piscar de olhos. Mas esse não é o problema. Tempo nunca foi o problema. A questão é a qualidade de nossas vivências e histórias. É a pequenez que asseguramos a nós mesmos ao sermos tão ignorantes na arte do viver.
Viver é uma arte. E como toda arte, ela exige um olhar atento de seu artista, uma estratégia minuciosa de seu idealizador, um objetivo claro para aquele que a desenvolve. Talvez você já tenha tido a sorte de apreciar uma pintura abstrata, um quadro artístico repleto de formas e rabiscos que parecem desconexos, sem sentido, como se no auge de sua preguiça o pintor simplesmente tenha respingado aquele excesso de tinta que fica no pincel contra a tela outrora em branco. Mas não é verdade. Se você o abordar e questioná-lo sobre quais as impressões que ele tira da obra que criou, muito provavelmente ele terá uma resposta reflexiva, elaborada a partir de um processo de introspecção, talvez até filosófica, ou mesmo algo simples, mas que fez sentido para ele! Para o resto do mundo aquele quadro pode parecer esquisito e sem valor, mas para quem o desenhou, tanto quanto para quem soube apreciá-lo, aquele quadro pode ter mudado a própria forma de enxergar as coisas.
Nossas vidas são pequenas, minúsculas, porque queremos impressionar, queremos repercutir, queremos que nos aplaudam com um afinco majestoso. E, então, ao invés de pintarmos um quadro com os nossos próprios gostos e autenticidade, fazemos criações baseadas simplesmente no que esperam de nós, porque queremos agradar, queremos tapinhas nas costas, queremos que nos aceitem. Negamos a nós mesmos, à nossa própria essência, porque queremos que nos vejam e encontrem respostas em nós.
Mas cada um deve encontrar respostas em si mesmo.
Não tenha medo de uma vida grandiosa. E quando digo grandiosa não é uma vida abastada, repleta de regalias. Vida grandiosa é aquela que faz nossos corações transbordar de prazer e contentamento por termos a chance de vivê-la. Não tenha medo de pintar o seu próprio quadro, com as suas próprias impressões, com o resultado de sua própria introspecção, daquilo que você pôde encontrar em si mesmo, no seu âmago, fazendo uma viagem ao seu interior e permitindo-se a um autoconhecimento. Não importa se compreenderão ou não o que você quis dizer pintando o seu quadro, ou seja, vivendo a sua vida, importa apenas que você saiba quem é, o que quer e aonde quer chegar.
(Texto de @Amilton.Jnior)