Subjetividade fantasma

Nós que representamos a nova mente que está surgindo, semelhante os frutos de uma macieira; nós que fomos e somos como vocês, conscientes do processo de transição da humanidade, despedaçados e renascidos entre o ontem e o amanhã - temos, por questões de autoconservação, necessidade do ceticismo para continuarmos nossa tarefa sem o perigo, sempre iminente, de sucumbirmos à loucura. Não temos mais o direito à crenças populares, vemos a vida de novas perspectivas, logo, é fato que comparado à regra geral, nosso comportamento será impactante. Passemos em silêncio diante da multidão, disfarçados em antigos trajes, apenas entre iguais temos o direito a uma pequena loucura, ao abandono momentâneo da vivissecção da alma, nos deixarmos sonhar no repouso onírico da crença.

Seremos os réprobos, os fracos, deslocados, moralmente instáveis, perdidos entre as trevas do passado e a luz do futuro; somos a casca da semente que racha, sentimos na pele a dor do parto, não temos forças para empenharmos nessas metas de hoje em dia, pereceríamos se o fizéssemos. E quanto de nós já não pereceram à loucura, ao suicídio, à psicopatia, ao misticismo por não suportarem em si mesmos o julgamento da antiga mentalidade! Nossa tarefa exige de nós o distanciamento, não temos o direito de interferirmos nas lutas da humanidade, nós a representamos em outro nível, para cada meta existe seu guerreiro. Às vezes quase sucumbimos ao juízo de que estamos loucos por uma megalomania divina, e estes momentos abissais são nossas horas de horror. Mas por fim recobramos a sanidade e lançamos um olhar para baixo e vemos os degraus que subimos, degraus que nós fomos e somos, então nossa energia se eleva, voltamos a altivez que nos pertence, pois sabemos que o caminho que fizemos, o perigoso caminho que a humanidade ainda há de fazer - passa por nós. Somos inevitáveis. Somos destinos. Se parecemos arrogantes e orgulhosos isso não diz respeito a nós, e sim, a quem nos avalia pelo prisma da antiga mentalidade.

Repito, nós somos e fomos como vocês. Quem nós somos? Uma pergunta que não nos importa mais.

Fiódor
Enviado por Fiódor em 28/11/2021
Reeditado em 12/11/2022
Código do texto: T7395808
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