Suicídio VIII
Estou cansado...
Esta frase diariamente é proferida por mim ou pensada em momentos de silêncio. Estou aqui deitado de lado frente a janela imaginando:
- É o momento.
Nas mãos uma gilete, no pensamento nada, apenas a luta entre a razão e a loucura sobre o ficar e o partir. Se eu ficar ainda terei vida para lutar em prol da solução muito longe de ser real, mas, se eu partir, estarei me poupando das tentativas vãs que por vez foi abordada pelo destino.
Olho o pedaço de gilete a mostra por entre os dedos, nunca vi algoo ser tão tentador, nem aquela mulher que um dia desejei tinha tamanha força. Eu olho...
Tento ter uma lembrança favorável a ficar, e, nada... Ainda quando vem não tem graça, não emite calor, não... Nada.
A vida deveria ser para mim um circo onde a cada picadeiro um sorriso estaria sendo ouvido, contudo, o circo que deveria ser, não passa de um cemitério de tudo que construí, conquistei e amei...
Estou cansado...
Até mesmo para estar sentindo isso, entre decidir e agir uma segunda voz fala:
- Se você fizer não terá retorno.
Alguns diriam que Deus falou comigo, mais, acho que o mesmo se cansou de mim tanto quanto eu de tentar encontra-lo. Não... Foi só meu subconsciente me alertando dos fatos, no intuito de me parar.
A mão é estendida até a veia do pescoço, deslizando da nuca ao queixo, abrindo a epiderme se aprofundando até a jugular, fazendo jorrar sangue por entre o lençol e o travesseiro. Meu corpo aos poucos sente-se fraco e sonolento forçando os olhos se fecharem e por fim... Dormir...
...Por estar cansado.
Texto: Suicídio VIII
Autor: Osvaldo Rocha
Data; 22/11/2021