Coisas que eu penso saber (Lote 10)

91. Pedras que rolam não criam limo, dizia meu avô. Falava ele da necessidade de adquirir bagagem, até bens, para uma velhice segura e cômoda. O que não sabia ele é da quantidade de burros carregados de livros que encontramos pela vida. Muita bagagem, nenhum uso.

92. É necessário termos uma das mãos alçadas ao céu, como receptáculo, para acessarmos o mundo das ideias. Ao mesmo passo, precisamos da outra apontada para o mundo materializando aquilo que captamos. Eis o principio da sabedoria.

93. Aquilo que considero MELHOR não pode ser aferido na minha relação com o outro, deve ser definido, medido e considerado na minha relação comigo mesmo.

94. Todos têm a mesma causa, partimos do mesmo principio. Durante a jornada nos derivamos, nos perdemos em efeitos refratados e disso criamos à rala e frágil noção de individualidade e diferença.

95. Como conceber que uma sociedade se choque mais com palavras grosseiras, inadequadas, politicamente incorretas, do que, com estômagos vazios, violência e assassinatos? Somos tolos envoltos em uma cortina de fumaça, que nos impede de perceber a realidade grosseira, inadequada e perturbadora que nos rodeia.

96. Existe possibilidade de ter honestidade para com a coletividade e com o próximo, sem tê-la para consigo mesmo? Como ser fiel aos outros sem ser fiel a si mesmo? Como amar ao próximo sem amar a si mesmo? Ser honesto consigo, levará a pratica da honestidade. Ser fiel a si mesmo, levará a prática da fidelidade. Amor próprio desencadeia amor ao próximo. É imperioso aprender a ser causa e não efeito.

97. Vivemos no futuro, desconsiderando o presente. Amamos o que não temos, esquecemo-nos daquilo que temos. Desejamos o impossível, desprestigiando o possível. Morreremos infelizes e incompletos.

98. Quanto vale a paz e a felicidade? Passamos uma vida buscando o inacessível, aquele algo a mais, a cereja do bolo, nunca paramos, pois a felicidade é logo ali, após o próximo passo. Comportamo-nos como cães correndo atrás da própria cauda.

99. Pensamos que o passar dos anos estreita nossa aproximação com o fim, que seu significado é a decadência. Quando na verdade é Transmutação. Deixo de ser impetuoso, como o era na juventude, para ser estratégico e prudente na idade madura. Abandono algumas práticas, para adquirir outras, enfraqueço em um flanco para me fortalecer em outro. Utilizo o conhecimento adquirido o materializando em práticas de sabedoria. Saímos do estado de Ares (jovem, impetuoso e irascível), para transmutarmo-nos para o estado de Atena (Estratégica, sabia e racional).

100. Descobri uma proporção curiosa: possuo uma grande quantidade de familiares, amigos e afins, para uma pequena, ínfima e insuficiente quantidade de paciência. Para resolver o impasse tenho duas possibilidades: Ou aumento a paciência, ou diminuo as relações.