I-IV Jaezes de vida e morte
Há nisto humor desde sempre, ainda que agora menos aparente. Poderia eu ter escrito ontem, quando sentia o que agora finjo sentir. Se tanto gabo por assaltar o tempo, o que me impede? Anseio de ti o que não preciso, e cogito o que o substitua a fim de menos sentir. Também, menos, sinto-me entregue a ti, e mais ao pior que carregas como alma. És dono das mãos que esculpiram as mágoas em mim inspiradas. Graças a nós, a vida tem sido, pelo menos, ridícula. Faço de ti, então, ninguém sendo alguém, vulto dos que têm foco, dia sim, dia não.
Sorte tens se para mim és algo, pois te garanto que és nada a tudo que seu nome fala. Não desejo que inexistas, pois manter-me-ia em versos bobos que lembrar-me-iam tão pouco. Que o destino venha, então, contar-me sobre mim e como repus seu fim. Se melhor ou pior, não importa, desde que preenchido não lembrarei do que, por tanto, fui vazio. E que finalmente a vida seja assim, sobre mim.