Coisas que eu penso saber (lote 9)
81. O norte do ser humano nessa existência deve ser determinado pela busca em tornar-se melhor hoje do que se foi ontem. Essa busca contínua por aperfeiçoamento e desenvolvimento é elementar, mas sem que seja percebido cruza-se, muitas vezes, vagarosamente, de forma imperceptível aquela tênue linha – que separa a evolução pessoal, da competição com o outro - passamos, dessa forma, a buscar ser melhores do que os nossos semelhantes.
82. Tem-se a frente um cálice de vinho e um de veneno para beber. Não há dúvidas: Bebemos o vinho! Exceto se desejarmos a morte. Por que não agimos da mesma forma com aquelas pessoas, sentimentos, atitudes e toda espécie de coisa que sabemos ser nocivas à nossa vida?
83. Por que admiramos e exaltamos o sucesso do artista famoso, do escritor de sucesso, do atleta que se supera, daquele empreendedor que alcança a plenitude financeira, ou de qualquer um que conhecemos só pela fama de seus atos, mas em contra partida, invejamos com o mais profundo de nossa alma aquele que está ao nosso lado? A inveja parece carecer de proximidade, não de distancia. Ela torna-se fecunda nas rodas de amigos e de familiares. Onde pessoas iguais a nós teimam em nos superar.
84. O ápice daquele que te inveja, ou te faz mal é vê-lo afogar-se na própria magoa e rancor. Dessa forma, na semântica do Cristo, existe uma paz profunda, além de uma estratégia, no ato de perdoar.
85. Existem seres que vão contra a lógica e a natureza (ou nas palavras de minha avó: vão contra Deus). Querem parar uma baderna com outra maior; procuram quitar dividas fazendo outras; desejam ser melhores que os outros fazendo menos e pior que os outros; almejam o bem fazendo o mal; pedem por paz fazendo guerra. Só se colhe aquilo que se planta e cultiva!
86. O que aconteceria se prendêssemos um leão em uma caixa de papelão? Caso ele permanecesse lá, quieto e sem reação seria por que desconhece a própria natureza e força. Mas o mais obvio é que desconheça a barreira e ataque todos a sua volta. Não seja o leão imóvel na caixa de papelão e nunca tente controlar um o prendendo em uma.
87. Somos demasiadamente orgulhosos de nossas habilidades atomatas, que confundimos com expressão de capacidade intelectual, quando são somente repetições assimiladas por nosso cérebro, tornando esses atos do dia a dia automáticos, nada tendo haver com manifestação intelectual e muito menos criativa.
88. Desconsiderar o mundo externo, por não poder influenciá-lo ou alterá-lo, nos levará, inevitavelmente, a considerar nosso mundo interno. Uma vez envoltos em nós mesmos, descobriremos que o poder para interferir no mundo ao redor está diretamente ligado ao conhecimento e controle de nosso interior.
89. Hoje senti saudade dos mortos, daqueles que fizeram parte de nossas vidas e se foram, não poderão mais retornar! Como lamentamos a partida ocasionada pela morte, como desejamos que quem se foi retorne. Ao mesmo passo, lembrei-me dos muitos vivos com quem não falo, a quem não vejo e com quem poderia ter proximidade, afinal estão aqui, vivos! Somos seres contraditórios.
90. Caso soubesse que meus fantasmas e demônios seriam tão impertinentes e insistentes não os teria criado. Eis o problema das crenças e ideias tortas: criamos realidades, situações e seres que se tornam independentes e nos rodeiam por toda a vida.