entre a vida e a morte nunca houve música mais triste
A fonte da poesia viva secou-se junto ao pranto que se calou. Eu nunca mais consegui cantar a plenos pulmões, a coragem que outrora me representava se perdeu porque me cansei de ser motivo de piada dos outros, de pilhérias e traições.
Nunca perdi a fé em dias melhores e em sonhos realizados, mas minha força resiste em retaliação ao medo que quer me engolir e me tragar sem piedade.
Só se ouviram os passos calculados do tempo. Ademais, silêncio. As vozes se calaram, ninguém mais cantou. Poesia e subversão compartilharam a punição. Não havia grades, mas o mundo era uma prisão. O medo se estampava nos olhos opacos da multidão, trotando sem um rumo concreto.
Entre a vida e a morte nunca houve música mais triste.
outubro/2016