Tempos líquidos nº1
É extremamente cansativo ser intenso.
É extremamente cansativo ouvir que você é emocionado, que você tem que se doar menos, se importar menos, cuidar menos. Ouvir que você é intenso demais e que nem todo mundo é assim e é por isso que você se machuca.
É cansativo fingir que não sente, quando você sente
Ouvir uma música e não poder dizer: "Hey, escuta essa, lembrei de ti"
Cansativo não poder dizer pela manhã: "senti saudade" e ter que disfarçar isso em uma conotação sexual para que fique aceitável, irônico né?
É sufocante querer dizer: "senti saudade do beijo, da presença, do toque, do abraço e das risadas" e só dizer: "vontade de você". Minha vontade de você é por inteiro, é entrega.
Como diria Renato, —vivemos num mundo doente—, onde ser menos é mais. Onde demonstrar menos é sexy. Aprendemos a fazer joguinhos, a oferecer ausências, a conquistar o outro por puro ego. Nos declarar? JAMAIS! Acaba a graça. Mas que graça? Desde quando amor é stand up? Amor é riso, mas sem platéia.
Vi um vídeo que dizia: se você se encontra em uma relação, qualquer que seja, amizade, ficantes, namoro, casamento, você está ali para ser afetado. Não existe relação em que você só tenha o bônus e se você espera isso, você devia viver sozinho com seu ego. Pessoas se relacionam umas com as outras para serem afetadas positivamente e negativamente também. Assumam esse risco ou se tranquem em uma bolha, mas parem. Definitivamente parem de romantizar a frieza, o desinteresse e ao menor sinal dele, corra.
Somos humanos, feitos de carne, osso e caos. E meu mundo já anda bagunçado demais pra receber alguém que não sabe o que quer. Faça um favor, termine o café e bata a porta.