Crescimento

Hoje quero falar com você sobre as coisas doces que existem na vida, coisas serenas que só podem ser sentidas por aqueles que permitem que suas almas toquem o mundo. Mas o que é permitir que a alma toque o mundo? É estar aberto à simplicidade, ao tranquilo, aos detalhes que tantos desprezam e menosprezam, que tantos subestimam e desperdiçam. É ver no sol a razão da vida, é contemplar na chuva o milagre do florescer. É entender que não precisamos de muito quando nos conectamos com aquilo que a natureza oferece, com aquilo que a nossa própria natureza tem a ofertar: amor, amizade, carinho, lealdade, fraternidade!

Cora Coralina disse certa vez: “Se a gente cresce com os golpes duros da vida, também podemos crescer com os toques suaves na alma”. Há ensinamentos grandiosas nessa frase de palavras curtas, que talvez sejam consideradas simples, mas que são as anunciadoras de uma mensagem que pode mudar as nossas vidas para sempre. O primeiro deles é que podemos crescer com as dificuldades. Sim, podemos ver as nossas quedas, os nossos equívocos, podemos contemplar as nossas falhas como verdadeiros aprendizados ao invés de nos culparmos impiedosamente por aquilo que não soubemos como fazer. As lágrimas podem trazer crescimento, o sofrimento pode oferecer algum tipo de reforço, de imunidade, para que em eventos futuros tenhamos a chance de encarar os obstáculos com uma determinação maior.

Mas o outro aprendizado, para o qual não nos atentamos, é que as alegrias e as sutilezas da vida também podem contribuir imensuravelmente para o nosso crescimento e florescimento. O sorriso despropositado de uma criança pode nos ensinar que é muito melhor passar os nossos dias sorrindo do que dirigindo olhares pesados a quem quer que cruze o nosso caminho. Assistir, de dentro de um ônibus, um senhorzinho vagaroso oferecendo o braço para a sua companheira de tantos anos, também sem o vigor e a agilidade da juventude, atravessar a rua, pode nos mostrar que para demonstrar amor não precisamos lançar mão de presentes luxuosos ou de palavras difíceis, basta que nas coisas simples estejamos ali, presentes, para cuidarmos de quem dizemos amar.

Estamos ocupados demais com as barbaridades que acontecem ao nosso redor, que nos esquecemos de prestar atenção nos gestos bonitos, serenos, que acontecem por aí para serem apreciados, aplaudidos, imitados. Por que nos importarmos tanto com as cenas violentas? Vamos dar um pouco mais de repercussão para as atitudes singelas que arrancam sorrisos do entristecido e abraços do solitário. Que a suavidade da vida possa nos ensinar todos os dias!

(Texto de @Amilton.Jnior)