Gestos Bonitos
Anna Ramos disse que “a doçura nas palavras encanta, mas um gesto bonito fascina”. E é isso mesmo. Aliás, devíamos basear as nossas vidas nessa que é uma grande verdade. As palavras podem emocionar, sobretudo quando estão bem posicionadas, combinadas, rebuscadas. Podemos fazer arte com as palavras! O problema é quando elas são vazias de significado. Quando só ficam no plano da fala. Quando o seu toque nos corações é momentâneo e passageiro. Quando os gestos as contradizem.
Muitos dizem que amam. Fazem até canções de amor! Escrevem poesias, deleitam-se em textos, usam as mais difíceis e belas palavras para expressarem o que dizem sentir. Mas, então, quando passa o furor das palavras, quando as letras se espalham pelo vento e se dissolvem no ar, quando tudo o que fica é a solidez e a constância das atitudes, então percebemos que aqueles discursos eram apenas isso, discursos, não traziam a verdade. Aquele que diz amar, em seus gestos, mais parece odiar. Aquele que promete cuidar, em seus comportamentos, mais parece prejudicar. E, assim, a beleza das palavras se esvai como a beleza de uma flor que não foi bem cuidada e sucumbiu às intempéries.
“Um gesto bonito fascina”. E pode até mesmo servir de substituto para as palavras. Alguns de nós não conseguem falar, não conseguem verbalizar a grandeza de seus sentimentos, e está tudo bem, não devemos padronizar a maneira como as pessoas devem ou não expressar as suas emoções. Mas elas falam mais do que as palavras seriam capazes de dizer ao terem atitudes que tocam o coração e ficam para sempre gravadas na memória. As palavras, quando supérfluas e vazias, são facilmente esquecidas, mas o mais simples dos gestos pode ter uma eternidade que ninguém imagina!
Recentemente vi uma foto nas redes sociais de um senhor que, em casa, ligou para a esposa em uma chamada de vídeo para que ela assistisse ao capítulo de sua novela da tarde, já que não estava em casa. O que seria um gesto como esse se não a mais perfeita e verdadeira demonstração de amor? Talvez alguns digam que estou sendo romântico demais, que aquele senhor talvez também quisesse algo em troca e daí por diante. Mas não é porque alguns não acreditam no amor que todos devamos desacreditar dele. O amor existe. O problema é que as pessoas estão ocupadas demais para fazê-lo acontecer. Ficam nos discursos, na teoria, mas não compreendem que na prática a realidade é diferente e cada um de nós terá que acertar o seu próprio tom.
Então não fique apenas nas palavras. É claro que elas são importantes, podem até ser necessárias e de forma alguma estou invalidando o poder que elas têm de tocar as pessoas, afinal, eu estaria sendo contraditório porque é exatamente através delas que procuro promover reflexões em quem as lê. Mas concilie-as com atitudes bonitas. Permita que entre elas e o seu comportamento possa existir alguma semelhança, certa congruência. Permita que as palavras anunciem e os gestos confirmem!
(Texto de @Amilton.Jnior)