Dor e Desespero

Sou um ser ridículo, que engana a si mesmo todos os dias ao som de Hozier. O sol nasce e se põe, continuo dizendo que estou bem, quando na verdade eu já fui e voltei para o outro lado da vida, a própria morte. Onde está meu coração? Nem mesmo sei onde o perdi, onde me perdi ou mesmo quando!

Estou em chamas pois já não consigo ser eu, beiro a loucura por não saber quem sou ou para onde vou. Sou como o vento e viro tempestade. Sou meu próprio opositor, brinco de ser escritor para afogar a tristeza. Ninguém entende minha dor, talvez Deus entenda, porém está muito ocupado com coisas importantes, o Oriente Médio continua em crise. Eu tenho fome e sede, porém nenhuma dessas necessidades vem do meu corpo físico, tenho fome de sanidade e sede de felicidade. Não consigo me nutrir.

Me perdi naquele dia ao qual nem me recordo, me perdi quando me apaixonei pela primeira vez e deixei de viver por medo. Me perdi quando achei que todos estavam certos e eu errado por ser um "viadinho" como todos diziam. Deixei de ser eu para viver de uma aparência que me amedrontava. Dizem que devemos honrar nosso pai e mãe, e avó, e tio e tia e todo mundo que diz que se importa, mas na verdade estão preocupados com as aparências. Foi disso que me alimentei: aparência. Tentei me encontrar na fé e me perdi mais um pouco por não sustentar nada do que aprendi, pelo menos consegui encaminhar algumas pessoas para seus caminhos com alguma divindade. Disso me serviu e me faz se sentir feliz, pelo menos um pouco.

Cansei de ser um corpo, o corpo dói, a alma dói, a mente dói. De todo sou errado tentando ser correto. Cansei de ser eu, e de tão cansado que estou, nem a morte me quis, daria muito trabalho para me carregar. Sigo vagando como um moribundo - vagabundo-desgovernado e inconsequente - , talvez eu tenha algum agravamento mental causado pelos traumas do meu pai, pela família desestruturada, pela matriarca que lutou para criar três filhos e um neto renegado. As mães as vezes amam tanto seus filhos que os sufocam, os matam por excesso. Um comportamento que não é digno de julgamento. Por fim, sigo, apenas sigo sem direção encontrando outro alguém e outros corpos que me ajudem a sentir algo, a ser menos vazio. Sem chão, sem alma e com muita lágrima nos olhos para rolar.