Humanamente Éticos

Você já deve ter ouvido falar sobre ética em algum momento da sua vida. Deve saber que alguém ético é alguém íntegro, que respeita as regras para uma boa convivência e sabe conviver com as pessoas de uma forma digna, honesta e saudável. Deve saber, também, que cometer delitos éticos é algo que mancha a reputação e a carreira de qualquer profissional, seja ele pertencente à área que for. Um médico que não respeita certas decisões de seus pacientes é antiético. Um psicólogo que não valida o sigilo profissional e sai por aí espalhando os desabafos das pessoas que atende também pode ser um claro exemplo do que significa agir contra a ética. Mas há algo além. Precisamos ser humanamente éticos e com isso quero dizer que precisamos ser éticos com a nossa própria e singular existência!

Nós não respeitamos os nossos limites. Tendemos a não considerar nossas angústias. Forçamo-nos ao máximo, passando por cima de nossas capacidades, tudo para provar que somos incríveis, que somos autossuficientes, que possuímos uma surreal potencialidade para fazer a vida acontecer. Cometemos excessos. Não nos respeitamos. Não reconhecemos a nossa dor, não validamos o nosso sofrimento, fazemos o possível para mascará-los até onde for possível, o problema é que esse limite muitas vezes acaba em tragédia.

Antes de qualquer coisa, antes de sermos professores, médicos, enfermeiros, psicólogos, pais, filhos, cônjuges, enfim, antes de termos qualquer título adquirido pelas nossas próprias mãos ou a nós garantidos pelas expectativas de uma sociedade que nos cerca, nós somos pessoas, nós somos humanos! E como tais, como seres de carne e osso, nós possuímos sentimentos, emoções, e também temos um “até onde podemos ir”. Somos limitados no que podemos fazer. E precisamos reconhecer isso. É isso o que quero dizer quando menciono que precisamos adotar uma postura ética para com a nossa existência nesse mundo. Nós precisamos aprender a dizer não, precisamos aprender a dizer quando fomos magoados de alguma forma, precisamos aprender a apontar quando fomos feridos injustamente. Não temos que aceitar tudo, de todos e tempo inteiro. Chega uma hora que tudo cansa, que tudo nos deixa exaustos, que já não somos capazes de aguentar os desaforos, as injustiças, as decepções. O problema é que essa hora parece chegar tarde demais. Quando já estamos adoecidos, enfraquecidos, sem esperança alguma. Então aprenda a dar um basta em exigências desumanas. Aprenda a se afastar de alguém que não o faz se sentir bem. Aprenda a se distanciar daqueles que o diminuem e não permitem que o seu valor seja notado. Aprenda a se amar um pouco mais. Seja ético com a sua humanidade.

E ser ético é também reconhecer as nossas forças. Muitos invalidam suas próprias conquistas, não reconhecem quando foram capazes de algo que tanto almejavam, que passaram noites e dias dirigindo suas energias para fazer acontecer. Acham que precisam ser humildes, simples, discretos, e então não celebram quando, enfim, abraçam o objeto de seu desejo. Saiba estimar aquilo que pode ser motivo de orgulho para si mesmo! Tirou uma nota dez na prova? Que incrível! Sorria com esse dez, celebre esse dez, tire uma foto desse dez se assim desejar. Não subestime o seu dez, não diga que não passou de sua obrigação. Sabe quantas pessoas queriam ter tido o mesmo prazer? Não estou dizendo para que seja um arrogante que a partir das próprias conquistas irá menosprezar as outras pessoas, apenas estou o aconselhando para que reconheça quando tiver mil razões para se orgulhar de quem é. Isso é ser ético com a sua própria existência.

E, para finalizar, no começo do texto mencionei que há aqueles que cometem delitos éticos e eles sofrem punições: podem perder suas reputações, o prestigio que possuíam diante de um profissionalismo de sucesso, podem até mesmo perder o direito de exercerem suas profissões. E se formos antiéticos com a nossa existência? Primeiro, permitiremos que abusem de nossa boa vontade, que explorem a nossa boa disposição e que nos diminuam como bem entenderem. E, segundo, nunca nos consideraremos merecedores de coisas melhores, de conquistas exorbitantes, de uma linda passagem pela vida. O resultado? Um fim melancólico, sofrido, um ponto final tímido, desgostoso. A punição que podemos sofrer por não respeitarmos a nossa existência é passarmos por esse mundo e escrevermos uma história que claramente não gostaríamos de ter vivido. Pense nas suas ações. Pense na maneira como você tem estado para si mesmo. Pense nos outros. Mas, sobretudo, pense também em você!

(Texto de @Amilton.Jnior)