O mal do século

Há alguns anos Legião Urbana já dizia: “o mal do século é a solidão. Cada um de nós imerso em sua própria arrogância”. Você acha que estavam certos? Eu acho que sim.

Essa arrogância, que nos afasta das pessoas, causa tantos outros males além da própria solidão: lança-nos a um mar de depressão e melancolia do qual, por mais que nademos, não conseguimos sair, porque, para tanto, necessitaríamos nos desvestir de nossa impetuosidade exacerbada e nos revestirmos de humildade para reconhecer que precisamos dos outros, mesmo daqueles que tanto desdenhamos e desprezamos. Essa arrogância também motiva as faltas de compreensão que vivenciamos por aí: as pessoas não se respeitam mutuamente em sua existência, não conseguem aceitar aquele que é diferente do seu eu, tudo porque são arrogantes o bastante para se considerarem como modelos do universo. E nessa de se acharem tão perfeitas, tão exemplares, tão ímpares, acabam solitárias e sozinhas porque nunca, ninguém, em seu julgamento, é bom o bastante para acompanhá-las na longa estrada da vida.

Essa arrogância nos impede de conhecermos sorrisos que poderiam tocar os nossos corações. Essa arrogância nos faz tolos e medíocres por nos considerarmos tão importantes quando, na verdade dos fatos, como todas as outras pessoas que habitam esse mundo, não passamos de poeirinhas do cosmos. O menor abalo em nosso equilíbrio e já éramos. Não somos tão fortes ou necessários para que acreditemos que os outros devem a nós a sua honra e reverência.

Desvista-se de arrogâncias e petulâncias. Não afaste as pessoas de si por se achar bom demais. Não perca amizades leais ou amores sinceros por querer transformas as pessoas à sua própria imagem e semelhança. Valorize a diferença. Reconheça que no diferente pode existir uma grande e maravilhosa descoberta que você seria incapaz de encontrar afogado dentro de si mesmo. Olhe para fora. Desperte para o mundo. Pode ter muita coisa boa por aí que o enriquecerá e tornará um ser humano especial. Não exclusivo. Mas com certeza especial no sentido de também ter algo positivo a emanar para o universo.

(Texto de @Amilton.Jnior)