Uma mente pensante intitula-se poeta

Responda-me, leitor, existe algo mais impressionante que o silêncio demasiado em si mesmo? Um silêncio tão absoluto quanto ao que ecoa no abismo dos mortos. Este que por sua vez jamais impressionará os que amedrontados ofendem a si próprios com suas mentes inquietas e barulhentas, que ofuscam a voz que nos permite caminhar para a mais profunda existência. Saibamos que os que se perdem nas entranhas da solidão habitam num calabouço trepidante, onde as pedras que caem sobre seus crânios entregam as mensagens de fracasso e não abstendo, a angustia mais impertinente.

Mas acalma-te, leitor, provenho-lhe emitir que existe algo tão impressionante quanto. Algo que formidavelmente é mais intrigante que as amenas verdades despejadas sobre ti, e, ao findar da leitura destes poucos parágrafos ao qual me dediquei para escrever um diminuto destilado de minha mente, proponho que se questione sobre a existência de algo tão enigmático quanto o que venho em breve a lhe descrever. Mas não, não tratarei de envernizar a complexidade do universo, ou lhe direi o ilógico, tampouco traremos em contexto o completo inexplicável. Irei dizer-lhe sobre o que me mesclou entre o sensato e o absurdo. Um determinado abstrato que vaga entre nós, e, se tiveres a paciência para chegar as últimas linhas que venho despir de meu pensamento nos próximos minutos, tratará de dizer por si mesmo o que lhe provir afirmar. Sem mais, leitor, esclarecê-lo-ei o que me põe o lápis nas mãos.

Há de ser grato por tal inusitado ocasiono? Que me fez por completo um tolo e quase senão por minha intervenção, submisso? Recém aluno do sentimento que abomina e entrelaça as pessoas; se não entre elas, entre si próprias. Chegado ao ponto em que o meu refúgio interior ressoava uma forte chuva zunindo um sopro calmo e vagaroso acompanhado de palavras provindas do silencioso sonido de uma voz jamais ouvida.

O alvoroço significante esvaiu-se e um calafrio trepidou no íntimo de minha alma, revigorando-se no final o êxtase de um sentimento jamais tido. Tudo, em pouco menos de um pequeno olhar.

Se ainda não ascendeu em sua mente do que tratamos por fim, permita-me desenredar o quesito que em vocábulo lhe fabulo, mas, que tenhas em mente que os únicos que se proferirão contra o comparativo que o faço, jamais vivenciaram o sentimento que foguenta a alma de muitos. Tratamos aqui, do sentido mais cabal do amor, o puro, um que além de incompreensível se recusa a tornar-se fútil. Ainda que o despeje sobre a fúria do desdém e o entrelace nas estacas da desolação afundando-o junto ao enxurro de uma escória, ele boia na superfície pertinentemente com uma resistência que é no mais absurdo: fantástica.

E uma desilusão serviria para contrapor e apoiar-me em minha decisão de me reter de tal tormento? Ou, seria de supletivo para enraizar as soltas raízes que tentam aos poucos enlaçar as veias de meus sentimentos e corromper a minha plena harmonia com a solitude? Não saberia dizer-lhe em seus respectivos aspectos o que me deixa agonizado, afinal, quase não é possível escrever-lhe sucintamente o equívoco, quem dirá descrever detalhadamente o que me trouxe tal irracionalidade. E é esse tal inexplicável que constata a preeminência que se sobrepõe ao dito primordialmente.

Ainda não poderia dizer-lhe, leitor, que me autoproclamo ter sido um bom calouro, mas posso afirmar que nada é mais desordenado que o amor: um sentimento enfartado de entranhas, tal qual, revestido de ilogismo. Contudo, apenas o tempo é capaz de o consumir e cessá-lo por inteiro. Somos capazes em nosso presente, apenas de ceifar o que está na nossa compreensão, logo, jamais renuncia-lo ou mesmo supri-lo por inteiro.

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Nas madrugadas em que o sono se fragmenta em resquícios de idealização, uma mente pensante intitula-se poeta. Ruídos labutam meus ouvidos, ressoando uma respiração solene a adormecer no meu peito; soando como as águas do mar delicadamente acariciando os confins e deleitando-se vagarosamente na areia cintilante.

Há as águas que se despuseram do mar e renunciaram nas margens, essas que ao despir do sol se desvanecem e planam nos céus, derramando muito em breve de volta as águas profundas do oceano.

Por quanto tempo guardará para si o que te afugenta, e, até quando tramará em silêncio esse fim que jamais findará de fato dantes teu porvir derradeiro? Ora, se és um apaixonado, leitor, e, ainda tens coragem de engatilhar-te nessa caminhada após o que dito aqui, peço-o que o leia novamente ou que vá, mas que proclame em voz alta as tuas palavras dedicadas e desfaça-te de tua face amedrontada.

- Uma reflexão tão somente dedicada ao intelecto imaginativo e um sentimento que jamais permitirei que exista na minha individualidade. Não nego a expressividade de minhas fabulas, mas sustentarei até a morte que sou incapaz de expressar tal compadecimento.

Dmitry Adramalech
Enviado por Dmitry Adramalech em 11/10/2021
Código do texto: T7361362
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