A gente cansa
A gente cansa, cansa das mesmas perguntas, das mesmas horas de conversas aleatórias com pessoas que acabaram de chegar, de formar diálogos, de criar laços e conexões que não passam de alguns dias, semanas ou meses.
Cansei de abrir a porta e mostra a casa a alguém que só está de passagem, de mostrar os detalhes, sabe? aquele quadro do Van Gogh que tanto amo, aquela gaveta da cômoda que está trancada que estou tentando abrir, aquela mesa que estou colocando no lugar, aquela vontade de mudar a cortina da casa, de espalhar flores pelos quatro cantos.
Cansei desse joguinhos que criam desinteresses, cansei de pessoas que chegam querendo o fim e não estão aqui pela caminhada, e para mim, o caminho é tão precioso quanto o lugar final.
E talvez por esse cansaço todo eu vá sempre embora quando percebo esses sinais de superficialidade das relações, talvez seja por isso que eu deixe algumas pessoas em minha vida mais tempo do que o necessário, pela familiaridade, pela naturalidade que as coisas acontecem por ter passado da fase de fazer sala sabe? ambos já conhecem um a outro e tudo flui com muita tranquilidade.
Mas Até essas relações eu estou cansada, estou partindo dessas falsas conexões, fechando a porta para quem não quer conhecer o que a de verdade por aqui, botando os cadeados na casa para as pessoas que só querem aquele cafezinho no final da tarde para saber as noticias e ir embora sem real interesse no que pode estar acontecendo, na carência velada de “to com saudade”.
Não sei se esse cansaço todo é maturidade chegando, ou eu apenas estou farta, a única coisa que sei é que aqui em casa (o meu eu) está em reformas e não está recebendo visitas.