Indiferença e enfermidade
Ouvi dizer que “o silêncio já é uma resposta”.
Mas que resposta dolorosa, não?
Por que a alguns custa tanto a generosidade de uma palavra? A indiferença inflama até mesmo o melhor dos sentimentos.
Talvez a expectativa por uma palavra possa ser compreendida como dependência emocional ou até mesmo mendicância afetiva. Mas, e quanto a quem se esquiva da responsabilidade sobre o sentimento alheio, relegando-lhe ao gelo do silêncio programado? Não seria uma tirania? Uma vilania? Uma falta de empatia?
Será que doente mesmo é quem está afetivamente expectante, mas carrega em si bons sentimentos? Ou seria o portador da crueldade que não se afeta pelo sofrimento alheio, amplificando-lhe o sentimento de abandono e menos-valia?
Há que se pensar nas enfermidades da alma, muito mais sob a ótica da malícia e do mal sentir, do que superficialmente atribuir aos co-dependentes toda a responsabilidade pelas próprias aflições.
Quem sofre por amor não o faz deliberadamente, enquanto que aquele que maltrata o coração do outro o faz pretendida e conscientemente. Qual dos dois está mais doente?