Urgência
a gente era pura urgência, lembra?
sentíamos as descargas elétricas nos nossos corpos antes mesmo de nos tocarmos, e quando tua mão encontrava minhas curvas eu me sentia em pleno curto-circuito. nós éramos fogo que não apagava, e a vontade imensurável de só colocar mais lenha até nos consumir
e eu não me importava de queimar com você.
te ver me fazia ter vontade de te ter no dia seguinte, e no próximo, e em todos os outros que se seguissem depois dele, porque a fome que eu tinha de ti falava mais alto do que o raciocínio lógico e eu só queria me perder entre nos fios do teu cabelo e o cheiro do teu pescoço.
a gente era pura urgência, lembra?
te encontrava no pensamento até nos espaços de tempo que não tinha tua presença física, e o desejo de ter tuas pernas enlaçadas nas minhas aumentava sem eu perceber. tua companhia alegrava meus dias, e tu era aquele pedacinho de céu no meio de todo o resto ruim
na tua boca eu encontrava o bilhete para o paraíso, e a pressa de encontrar teus lábios me consumia até o momento que tu me tocava, e era ali que eu percebia que não era mais minha
era nossa
e da nossa combustão.
a gente era aquela urgência de ser, de se ter, e de se pertencer.