O trágico
O trágico é aquele que está em contato direto com os mais profundos dilemas humanos.
O trágico é o único pensador que realmente vai te enxergar.
Não só em uma observação com sujeito oculto, mas de humano para humano, a amargura dos versos e das palavras em que ambos se encontram.
O trágico é o único pensador que reconhece de fato qual a estética humana que importa, aquela que realmente nos define.
O trágico está em contato direto com o que há de mais miserável na natureza humana, o desamparo, a angústia existencial.
A experiência mais sublime é o reconhecimento de duas almas agonizando.
O pai também sofre, é impotente, tensionado com o pecado que passa de geração a geração, que é a angústia.
O contato íntimo com a dor nos causa um impacto estético tremendo que nos faz finalmente reconhecermo-nos no outro.
A verdadeira experiência humana é da ordem da nudez de alma, a dor aparece, os dilemas éticos, o medo de perder, o esforço de se agarrar em algo e de não morrer no outro.
Até ambos perceberem o que jaz, um continuum caminhar até a morte e que ainda não o estão, por fim, revivem.
A verdadeira sensibilidade está em ser humano em sua demasia.
O esforço logístico que trás o marketing destrói a única coisa de belo que há no ser humano, a relação afetiva.
Me espanta perceber que tanta gente finge se importar, os que realmente se importam estão ocupados de mais sentindo, a sua aparência está em não o ter.
A sensibilidade do trágico é tamanha que o faz ver além do imago sempre, não importa o quão bem feita é a maquiagem.
Em última instância o trágico é, assim como você, apenas humano.