Notas Mentais de um Ansioso 2 - Poetiza à la Café

A necessidade de poetizar situações banais faz parte de mim desde muito cedo.

Um dia atribuí ela a uma veia artística a ser desenvolvida e monetizada com o aperfeiçoamento do tempo, mas hoje vejo que esse "poetizar" tem mais a ver com crescer em um lar ansioso.

Lar esse que amo, mas me machuca.

Ansiedade essa que tento largar, mas que sempre me puxa para tomar um café.

É sempre uma grande armadilha, porquê eu amo café. O problema é que esse café específico que me é ofertado sempre me agita além do devido.

Reverbera no estômago; agoniza a pele; coça, coça... COÇA! Dá um zunido ensurdecedor na mente, como um rabisco incessante em uma folha de papel amassada; mantém uma xícara quebrada e quente presa ao meu peito que, ao ir esfriando, dá um vazio de marejar as lentes do corpo e atormentar os olhos da alma.

Eu amo poetizar a vida, mas detesto fazer isso apenas com minha triste, sádica e destrutiva companhia para um café: Sra. Ansiedade.