O terror!
Ele chorava, seu choro era contínuo, quase ininterrupto,
perguntei ao poeta qual a razão de seu sofrer
ele me responde imediatamente:
-- agora não é meu sofrer,
minha emoção é intensa
tive um sonho terrível, doeu até na alma
sonhei que tinha esquecido de ler
e que jamais poderia mais escrever
as letras benditas,
todas elas de minha mente desapareceu
constatei que o mal está mesmo entre nós
de mim já havia arrancado a endorfina,
a serotonina e a ocitocina
quanto mais seria arrancado de mim?
O mal continuava a me atingir dizendo:
-- você não terá mais prazer de escrever
não poderá arrancar emoções nem fazer ninguém feliz
ah! O terror atingiu todo o meu ser
até que depois de acordado constatei que podia
sim, podia ler e escrever, mas ainda faltava algo
ainda apreensivo insistentemente pedia
tentava aos prantos em oração dizer ao Senhor da Criação
que me devolvesse outra vez a inspiração...