Descoberta

De falso à pecador, de medo à indecisão, de bravo à escravo

Do alto ao mais rasteiro, do ferro ao madeiro, do espinho ao cravo

Do dia à noite, da vida à morte, do tempo à velhice, do azar à sorte

Do sul ao norte, da alegria à tristeza, do impuro à singeleza

Assim é a vida que agora eu levo, extremos que andam paralelos

Assim é a dor que eu carrego em mim, vontade de voltar pra você

E de tanta batalhas perdidas o meu corpo quer lhe esvanecer

E de tantas voltas e idas minha voz já quer emudecer

Porque a pele que traga a impureza e transmite para o coração

Ainda guarda paixões esvaidas que a tarde flagrou sem perdão

E no mar de tranquilidade onde repousa a emoções afogadas

Eu traço reto, puro e certo as normas dessa nova estrada

E os altos e baixos se estabilizam quando você quer dormir

E a vida e a morte conversam baixinho pra não lhe atrapalhar

E o sono veio e você se foi, e nessa hora o dia acabou de amanhecer

E de vez em quando é bom pensar assim e meditar

De bom a melhor ainda, de cego à perfeita visão

De óbvio à mera incerteza, de esquema à anarquização

De cheiro à carniça e de criança à aprendiz

De Deus à milagre e de tudo que aqui não se diz