IMPORTANTE

Escrevo sem ser escritora, vivo sem ser vivente, respiro. Sabendo e nem querendo que tudo o que eu escreva seja importante para quem quer que seja. Normalmente, escrevo e guardo, publico, engulo, nem todos estão interessados em saber. Queria eu ser mais leitora de escritores de verdade, os que realmente tem algo a dizer. Aqui, sentada na minha cama com um notebook no colo, de frente a uma tela branca que posso dar vida com a estória que eu quiser, na verdade, com a estória que vier. Passa tanta coisa na minha cabeça, fico cansada de pensar. Cansada de esperar pelo o que eu não sei. Uma voz me diz que eu vou escrever algo grande, mas sabe-se lá. Em algumas vezes chego a acreditar que um dia serei uma escritora. Será? Leio muitas histórias e quando termino eu logo penso: "Eu poderia ter dado vida a isso!" Será? Talvez. Fico nos meus devaneios, pensando que seria mais fácil se eu vivesse no modo automático como a maioria das pessoas, eles nem conseguem tempo para pensar. Quem pensa demais pode enlouquecer e eu morro de medo de enlouquecer. Mas, será que já não estou ficando louca? Como saberei se não já estou? Queria muito escrever algo extraordinário, mas quem liga? Mal consigo ler os textos dos colegas, porque me leriam? Minha mãe me acha importante, alguns amigos me acham importante... Nenhum me lê se eu não mandar um texto pra eles. "Ficou muito legal", "Que lindo, Line!", "Gostei!". Leêm, mas não compreendem, logo eu que sou tão simples, tão direta. Mas, ninguém é obrigado a me compreender. Será que sou confusa?

De vez em quando, releio meus textos e sempre parece que os leio pela primeira vez e penso: "Uau, eu que escrevi isso?, "Gente, no que eu estava pensando quando escrevi isso?". Não me lembro de nada do que escrevi até visitá-los. Escrevo, logo esqueço! E gosto de esquecer, pois a cada releitura tudo me parece inédito. Reler é como re-conhecer.

Mesmo que ninguém ligue, meus textos são importantes pra mim, pois todos os textos já nascidos fazem parte da extensão de mim. Mesmo que ninguém leia, mesmo que leiam e não compreendam, mesmo que leiam e compreendam, mesmo que leiam e tentem compreender, estarão lendo vertentes de mim, lendo e conhecendo quem eu era naquele momento. Aquela era eu, mas agora acho que estou enlouquecendo!

Aline Alves
Enviado por Aline Alves em 09/09/2021
Reeditado em 23/01/2022
Código do texto: T7338896
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