Causa da violência adulta e birras infantis.
Nascemos e sentimos necessidades instintivas de sobrevivência.( e isso é bom)
Mas em algum momento do crescimento aparece os desejos que ultrapassam as necessidades instintivas. (isto é esperado)
Às vezes, o desejo aparece disfarçado, quando percebemos que estamos desejando não algo que não temos, mas desejamos conservar alguma situação que já possuímos. É quando conhecemos o irmão mais novo do desejo que é o apego.
Então, nos deparamos com essas 3 possibilidades.
1) temos nosso desejo atendido.
2) temos os desejos não atendidos ou
3) temos a inexorável separação daquilo que nos apegamos.
E como é comum nas crianças imaturas os desejos ultrapassarem o bom senso, então elas se deparam com os limites naturais das coisas e entram em contato com a frustração que gera o sofrimento.
As crianças diante de uma frustração desenvolvem uma reação instintiva como o choro, as birras, os arremessos, a violência.
No adulto a frustração não é muito diferente, pois se transforma em irritação, violência, tristeza, escapismos. O que acaba gerando mais coisas indesejadas e mais sofrimento.
Mas onde está a causa de tudo isso?
A causa está em não sabermos desejar.
Rico não é aquele que tem muito dinheiro, mas aquele que aprendeu a desejar.
Rico é aquele que aprendeu a desejar o que se deve desejar como um ser humano integro e tem a firme convicção de que tudo que nos acontece é para o nosso próprio bem.
Para o budismo a vida é sinônimo de dor.
Uma dor que a vida impõe a todos os encarnados.
Para eles, a causa dessa dor é o desejo ou apego as circunstancias dessa mesma vida.
E a solução é o deslocamento da sede dessas coisas mutáveis( e por isso ilusórias) para as coisas imutável( o Ser real.)
E o caminho dessa solução, desse deslocamento de intenções que retira o sofrimento, é um "reto existir" livre dos desejos ilusórios e banhado em esplendorosa comunhão com o melhor de nós.
Só um adulto maduro pode alcançar a felicidade, pois só ele é capaz de deslocar a sua sede materialista e egocêntrica para as coisas espirituais e imutáveis.
Uma criança não tem condições intelectuais de fazer esse deslocamento de intenções, pois ele é guiado fortemente pelo prazer e pela dor.
Neste caso, provavelmente até os 3 anos, a criança só será contida da sua violencia proveniente da frustração mediante a utilização de castigos e recompensar, uma vez que ele só entende os mecanismos de prazer e dor.
Contudo, crianças maiores de 3 anos e também os adultos imaturos ganham uma segunda possibilidade de ferramenta.
Diante a frustração dos desejos, eles podem ser treinados para reconhecer a irritação chegando e trabalhar mentalmente para dissipa-la, antes que ela vire uma violência ou tristeza crônica. Para isso, é ótimo um trabalho de autobservação e de respiração consciente. Mas isto é apenas um paliativo e não a solução final.
A verdadeira cura, integralmente possível somente a partir da adolescência, está em aprofundar firmes e seletas convicções para tomar posse dos seus próprios desejos e passar a desejar apenas o que se deve. Mas para tanto, é necessário escolher trilhar um caminho de autoconhecimento.
Para nós, pais, cabe acima de tudo, ensinar pelo exemplo, uma vez que é o exemplo que transborda para fora e grita mais alto em um processo educacional. Por isso Napoleão disse que a educação de uma criança começa 20 anos antes dela nascer.
Agora que os pais tem algo para dar, cabe a eles entender e aplicar o processo de recompensa e castigo, assim como também ensinar o processo de autobservação e respiração.
Por fim, cabe aos pais, pelo exemplo, conceder as bases de uma convicção moral para os filhos.
a partir dai, nada mais cabe aos pais, pois a escolha de trilhar o caminho do autoconhecimento em busca do domínio dos desejos só pode partir do buscador. Também é assim para os adultos imaturos, que nada mais aprendem por recompensa e castigo, mas por um processo de busca e aplicação de autoconhecimento.