Abrir mão.

Abra mão.

Morra todos os dias.

Melhor que morra a cada minuto.

E neste breve eco que lhe sobra

Deposite sua herança celeste no mínimo que fazes.

Não leve nada para o lado pessoal,

Nada há de pessoal a quem a morte recolhe.

Já morreste.

Não há mascara a defender.

Nem méritos a ter validado.

Só fantasmas de gostos, desgostos e desejos.

Ecos do mortal e passageiro.

Já não há tempo para irritações, razões, opiniões, validações.

Abandone medos e melindres junto ao cadáver.

Deposite sua herança sendo inteiro em cada coisa.

Não há razão de ser servido,

Se o consumidor já foi consumido.

Agora é servir por inteiro.

Em tudo morrer por inteiro.

Agora é serviço aos herdeiros.

é o fim do corpo denso.

Só restando leveza

de um sorriso franco, verdadeiro,

no despir dos desejos.

Abster dos anseios

e viver por inteiro

no servir sem receio.

prestes a ser roubado

arrancado de si, no último suspiro,

lute por permanecer morto,

morto para os desejos.

vivo para o dever.

Atma Jordao
Enviado por Atma Jordao em 09/09/2021
Reeditado em 09/09/2021
Código do texto: T7338359
Classificação de conteúdo: seguro