Abrir mão.
Abra mão.
Morra todos os dias.
Melhor que morra a cada minuto.
E neste breve eco que lhe sobra
Deposite sua herança celeste no mínimo que fazes.
Não leve nada para o lado pessoal,
Nada há de pessoal a quem a morte recolhe.
Já morreste.
Não há mascara a defender.
Nem méritos a ter validado.
Só fantasmas de gostos, desgostos e desejos.
Ecos do mortal e passageiro.
Já não há tempo para irritações, razões, opiniões, validações.
Abandone medos e melindres junto ao cadáver.
Deposite sua herança sendo inteiro em cada coisa.
Não há razão de ser servido,
Se o consumidor já foi consumido.
Agora é servir por inteiro.
Em tudo morrer por inteiro.
Agora é serviço aos herdeiros.
é o fim do corpo denso.
Só restando leveza
de um sorriso franco, verdadeiro,
no despir dos desejos.
Abster dos anseios
e viver por inteiro
no servir sem receio.
prestes a ser roubado
arrancado de si, no último suspiro,
lute por permanecer morto,
morto para os desejos.
vivo para o dever.