Leitor, a palavra é sua.

Se pensarmos que por conta da covid-19 um número crescente de pessoas que já haviam agendado uma cirurgia com antecedência, teve que cancelar o procedimento e aguardar sem previsão de nova data por um novo agendamento; se atentarmos para o fato de que essa pandemia já ceifou mais de 584 mil vidas no Brasil, ao passo que o governo federal menosprezou e despreza a doença, desarticulou a captação de dados - daí se formou o consórcio de imprensa -, ignorou a vacina, destratou a China por conta da coronavac, implicou com o uso da máscara, com o isolamento social e ainda hoje debocha tando de um quanto do outro; se pensarmos que segundo a FGV o número de pobres no Brasil saltou de 9,5 milhões em agosto de 2020 para mais de 27 milhões em fevereiro de 2021; se considerarmos que a inflação acumulada em 12 meses, de 8,99% de acordo com o IPCA-15 divulgado pelo IBGE nesta terça-feira, mais que dobrou em relação aos 4,25% de 2020; se pensarmos que o total acumulado de recursos hídricos no Brasil de outubro a junho de 2021 foi menor do que a média histórica, e por conta disso continuaremos com a energia mais cara, racionada e com possibilidade de apagões em algum momento; se pensarmos que o gás de cozinha, o diesel e a gasolina continuam ultrapassando recordes de preço a cada novo aumento; se pensarmos que o dólar estava abaixo de R$ 4,00 no último pregão de 2018 e de lá para cá superou os R$ 5,00 e continua acima desse valor sem previsão de retroceder; se pensarmos que o desemprego na casa de 14% da população brasileira mantém cerca de 14,5 milhões de desempregados no país; se pensarmos que a Amazônia continua sendo grilada e depredada da maneira mais acintosa possível e que o governo brasileiro recusou o dinheiro da Alemanha e da Noruega para cuidar da mata em pé, que a fiscalização deficiente - herança da administração anterior - foi desmontada pelo ex-ministro Salles e se tornou completamente insuficiente para cumprir o seu papel, que a mudança de regras na fiscalização - hoje muito permissivas - é praticamente um incentivo a ilegalidade com a agravante de que a pasta da secretaria do meio hambiente está indevidamente nas mãos do Agronegócio para conter o crime; se pensarmos que depois de várias portarias do presidente Bolsonaro, que mudou procedimentos na compra e venda de armas e principalmente de munição, o livre comércio desses produtos dentro do Mercosul se fortaleceu e facilitou a vida de bandidos e facções criminosas - tai o novo cangaço já aterrorizando; se pensarmos que tudo isso somado afeta um número imenso de brasileiros que há meses vem sofrendo os males provenientes da incompetência das autoridades encarregadas de cuidar desses problemas; se atentarmos para o fato de que o presidente, que deveria governar, vai à rua para provocar e desacatar os membros do STF, o Ministro Barroso em particular por promover palestra dentro do congresso em favor da urna eletrônica, e o Ministro Alexandre de Moraes por instaurar inquérito das Fake News e também, por mandar prender apoiadores bolsonaristas do nível de Daniel Silveira, um dep. federal bandido, e Roberto Jefferson, outro corrupto representante no parlamento, pelo fato grave de ameaçarem de forma criminosa os integrantes do Supremo via internet, chega-se a triste conclusão de que este governo não está agindo certo. Que essa picuinha do Bolsonaro representa uma ofensa a nação e aos brasileiros. A gente chega ao final da analise perplexo e sem palavras. Você que leu até aqui, não acha surreal tudo isso? Onde se encontra a atenção do governo que não cuida do Brasil muito menos dos brasileiros?

Bolsonaro, caro amigo, nunca foi líder, 27 anos de congresso e nunca liderou uma comissão seja lá do que for, nunca liderou um partido político, não sabe conviver com as diferenças, rejeita qualquer um que contrarie suas convicções, não agrega, mente, desagrega, grita, insulta, ofende, ameaça, pratica bulling... Mas se meteu a liderar uma Nação e nós o acatamos. Hoje ele está lá, sem nos dar satisfação do que faz a não ser para um pequeno grupo que o acompanha na internet, vestindo a faixa presidencial que nós lhe entregamos.

Então, o que pode justificar o apoio da gente que insiste se manter ao seu lado? No caso dos militares, eles ganharam cargos no executivo - e não é pouca gente -, somam dois salários e lutam para que possam ganhar mais do que o teto do funcionalismo, sem falar no aumento de remuneração e as vantagens que lhes foram concedidas durante a negociação e reforma da previdência. No caso dos congressistas, durante o governo de Jair Bolsonaro a média anual de emendas de relator aprovadas pelo Congresso é quatro vezes maior que a observada na gestão de Michel Temer e cinco vezes maior que na era Dilma Rousseff. No caso das igrejas, após o perdão de dívidas a bancada evangélica agora mira benefícios tributários e indicação ao STF. Os apoiadores ruralistas, por sua vez, com o Agronegócio invadiu o Estado brasileiro dominando além do ministério da Agricultura, as secretarias que deveriam cuidar da Reforma Agrária, do estímulo à produção de orgânicos, da demarcação de terras indígenas e quilombolas; “Esse governo é de vocês”, diz Bolsonaro a Ruralistas em reunião no Palácio do Planalto. Já o Clube do CAC - Caçadores, Atiradores e Colecionadores - estes foram beneficiados com 31 alterações na política de acesso a armas e munições no Brasil desde janeiro de 2019. E a população que vai às ruas, por que razão o faz, que benefício está recebendo, será que é emprego, "pechincha" na compra do supermercado talvez, gasolina barata para encher o tanque do carro quem sabe, eu não apostaria na energia elétrica barata para usar a máquina de lavar ou ligar o condicionador de ar, sendo assim, deixo a palavra pra você, leitor, responder. O que mantém esses apoiadores tão ativos?

Dilucas
Enviado por Dilucas em 08/09/2021
Reeditado em 04/11/2022
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