Perder um amor
Eu quero saber se sempre será assim?
Você vai sumir da minha vida, me ignorar, fingir que eu nunca existi, me deixando sozinha, em pedaços. E voltando quando eu me recuperei da sua ausência, com a sua voz mansa, seu jeito despreocupado, perguntando se está tudo bem comigo, interessado em saber como eu estou, como se nunca tivesse me deixado.
Vai ser sempre assim com você?
Esse atrito de saudades com mágoa da forma como você saiu da minha vida, mas sempre me dando esperança de que voltaremos a ser o que éramos antes. Esse arrepio quando a sua imagem atravessa meus olhos. As lágrimas que surgem quando eu te olho tão perto de mim outra vez. A dor de enxergar seus olhos negros devorando as minhas palavras e mente sem intenção de ficar.
Por que as palavras somem quando você aparece?
Eu ensaiei dizer tudo o que estava entalado na minha garganta, cuspir na sua cara toda a verdade, mágoa, decepção que você me causou. Mas, ao te olhar, de repente o que tudo sai do meu coração te pertence. Tua presença me balança e eu tenho a constante sensação de que vou cair. Infelizmente eu continuo em pé. Infelizmente eu continuo aqui.
Até quando uma alma resiliente pode aguentar mais um dia?
As memórias secaram. As minhas cicatrizes voltaram a doer como se fossem feridas de hoje. A saudade tem a textura da página de um livro velho e só peço a Deus para esquecer você. Porque, sabe, eu acho que é verdadeira a afirmação de que almas gêmeas estão destinadas a se encontrarem mais não a ficarem juntas. Por capricho do destino, nossas almas demoraram a se encontrar – porque nunca nos procuramos de verdade. Ou talvez eu esteja valorizando demais nosso encontro como uma tentativa patética de expectativa romântica que tenta dar razão a tudo o que acontece, como se o amor precisasse de uma lógica dolorida para existir. Se for amor de verdade será leve como uma pétala de dente-de-leão, que ao menor sinal de brisa suave, se espalha pelo mundo.
Será se estivemos alguma vez destinados um ao outro?
Cada vez mais me convenço de que você e eu é um grande quase talvez que não deveria existir. Às vezes, é realmente apenas uma questão de chance grande em uma vida pequena. Não importa. Hoje eu sou uma versão de mim que já perdeu coisas demais, pessoas demais, sentimentos demais. Por isso, perder você, que nunca foi meu, não é grande coisa. Eu já não tenho medo de perder mais nada. Hoje quase não tenho que o perder. Por isso, vá.
Se tudo é passageiro, por que se importar?
A minha vida é efêmera, assim como a sua. Tudo é uma repetição de palavras, ciclos, sentimentos, pessoas. O amor que sinto por ti, já existia antes de nós dois. Não é preciso morrer para se sentir morto. Perder um grande amor é como deixar de viver.