do tempo, do espaço
O tempo se mexe. O passado, o presente e o futuro são infinitos. Móveis. Se o passado é apagado, muda o presente. Se o futuro é projetado é considerando o presente. Nada está fixo. Basta trocar uma vogal ou uma consoante. Tudo muda. Se o tempo muda é porque não está preso. O tempo começa. Recomeça. Principia. Por isso, nunca para. Não há como deixar o tempo como está. Se vivo em Berlin, Nova York ou Xanguai tenho um tempo. Estou num determinado ano. Se vivo em Araranguá, Turvo ou Maracajá tenho outro tempo. Embora possa ser o mesmo ano. Esses vários lugares podem estar no mesmo ano, contudo, cada um com uma “velocidade”. Portanto, mesmo que eu esteja em um determinado ano, cada cidade, cada lugar, vai estar numa determinada velocidade naquele mesmo ano. Isto é, podemos todos estarmos num mesmo ano, mas são poucos os lugares que realmente estão neste ano. Tem lugares que estão há décadas atrás. As conversas e as reflexões demoram para chegar em determinados lugares. Há cidades do “interior” e do “exterior”. Por isso, o racismo, o feminismo, a homofobia, entre outros temas, por mais que haja uma Constituição que valoriza a diversidade e o direito à liberdade, para alcançar a cultura local, há uma “demora” maior do que em um lugar onde há muitas pessoas que pensam e conseguem disseminar ideias com outra uma velocidade. Não só ideias, mas tudo que transforma a realidade. Em síntese, mesmo estando no mesmo ano não quer dizer que cada localidade está na mesma temporalidade, ou seja, não está no mesmo tempo, pois ainda não foi influenciada por todas as múltiplas interferências que se dá na conexão das pessoas. Tudo isso diz respeito a dobra do tempo. Um ampliação temporal. Portanto, o tempo não é fixo e se mexe diferente em cada lugar.