Hoje eu me vi...
Sentado numa cadeira de ferro
Já desgastada e enferrujada
Com a cabeça pressionada sobre a mesa
Braços inertes, um suspenso no ar
O outro ainda com o revolver na mão
Cavidades nasais sangrando
Um pequeno orifício na tempora
Olhos de um tom cinza já opaco
Hoje eu me vi...
Suspenso pela vértebra
Olhos saltados
Apodrecido
Dejeto ao chão
Um fim emblemático
Mas ao contrário do que se pensa
Sujo
Hoje eu me vi
Repousando na banheira
Enrugado
Belo banho fantasma
Me vejo todos os dias
Até o dia que outros poderão me ver assim
Morto