Diminuto

O espaço que ocupo no seu coração é diminuto. Tão apertado, que mal consigo me mexer. Se ousar levantar um braço, já invado um espaço que não é meu. Claustrofóbico, me dá desconforto só de pensar. Como num elevador parado em que parece que vai acabar o ar.

O espaço que ocupo no seu corpo não é maior. Quando nossos corpos estão juntos há inúmeros desencontros . Seu corpo não se deixa invadir pelo meu. Ele tem medo, pois há um vampiro em mim que suga seu sangue e sua energia. Já o espaço que ocupo na sua cabeça é variável: depende do momento em que você se encontra. Posso até ocupar um pouco mais, mas qualquer distração pode fazer com que esse espaço inexista para mim.

Da minha pessoa se espera a compreensão dentro desse pequeno espaço. De tão pequeno meu pensamento fica nebuloso. Talvez pelo pouco ar, presente em locais tão restritos. E meu coração, corpo e cabeça seguem nesse local menor do que eles, tentando se encaixar e , ao menos, respirar. Mas, essa tentativa não é compreendida , nem valorizada., o que é bastante razoável , pois o meu espaço na sua cabeça não é grande o suficiente para permitir o exercício da empatia. Sendo assim se espera de mim mais compreensão, num ambiente cada vez mais inóspito. No qual meu coração, corpo e cabeça são solicitados a compreender sem serem compreendidos. É muito fácil de entender: no seu coração, corpo e cabeça há tanto, que não sobra espaço sequer para o exercício da compreensão.

Bia Fischer
Enviado por Bia Fischer em 21/08/2021
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