Coisas que penso saber (Lote 8)

71. Uma imensa quantidade de pessoas escolhe sentar a beira do caminho e observar a caminhada de quem passa. Nesse processo esquecem totalmente da própria caminhada. Tornam-se especialistas na caminhada alheia. Apontam os defeitos, como deveria ser realizada, os motivos pelos quais não se obteve êxito e lógico, como obtê-lo. São especialistas em vidas alheias, porém na prática, nunca, ao menos, tentarão alcançar aquilo que prescrevem de maneira tão brilhante em seus devaneios egocêntricos.

72. O gênero humano nos apresenta tipos excêntricos, desses, me chamam a atenção, àqueles tipos que possuem todas as certezas, que interferem em todos os assuntos, prontos a acrescentar uma verdade absoluta (absolutamente absurda) e afirmar que daquilo que você fala ele já fez mais e melhor. Evidentemente trata-se de um imenso e gritante complexo de inferioridade, que pode ser definido, pela sabedoria popular, na seguinte máxima: “Desse que você está falando meu pai tem dois, bem maiores e muito melhores”.

73. O difícil é encontrar alguém que esteja na mesma sintonia em que você está. Enquanto você fala sobre assuntos sérios a pessoa faz brincadeiras. Quando fala de você, a outra fala dela mesma, ou de outras pessoas e faz comparações. Você tenta falar de fatos, mas ela insiste em falar de pessoas. Parece que nesse mundo cada um vive à sua própria matrix.

74. Tanto nos vinhos, quanto nos relacionamentos, o tempo é um fator qualitativo: Naqueles que são bons à tendência é que melhorem, porém naqueles que não o são, a tendência é que se estraguem.

75. Uma coisa magnifica, para se aprender durante a jornada, é que respeito não pode ser conquistado por imposição, ou simplesmente por força, ele deve ser merecido. E se não for assim, não se trata de respeito, mas de tolerância ou medo.

76. Outra coisa a ser dita sobre respeito: ele não é devido, mas sim dado de bom grado. Dessa maneira, mesmo merecendo respeito, só o terei se o outro estiver disposto a dá-lo. Não há respeito possível sem alteridade.

77. Aprendi mais com aqueles erros e maldades praticados com sincera vontade, do que, com aquelas atitudes consideradas “boas” e, “corretas” que pratiquei falsamente, ou por obrigação. Da analise de ambas restaram-me duas conclusões: a certeza de que apesar de serem opostas em aparência, são similares em sua natureza e que não deverão ser praticadas novamente devido a sua nocividade.

78. Acreditamos que grandes leituras em toda sua abrangência e complexidade, com seus grandes dilemas, grandes leis e verdades constroem grandes seres humanos! Porém é na objetividade das pequenas coisas, das soluções práticas e obvias, que esses seres humanos são materializados e fundamentam os pilares de suas vidas. Não busque no extraordinário aquilo que pode ser encontrado no simples: Como é no pequeno será no grande.

79. Buscamos nos confins do mundo e do universo a compreensão de coisas a muito escondidas dentro de nossa mente, coração e espirito. Corremos, em demasia, atrás daquilo que encontraríamos parados em nós mesmos.

80. Existindo bem e mal, qual seria sua real função: proporcionar-nos escolhas que poderiam nos alçar as alturas, nos condenar as profundezas, ou somente, nos possibilitar o aprimoramento e a evolução através da vivência?