UMA REFLEXÃO SOBRE A BONDADE
O mal é a seca que gera o vazio do não-ser ou o rigoroso estio que, na escassez da chuva da misericórdia, propicia a esterilidade de qualquer forma de vida. A bondade, ao contrário, é quem dá condições para o surgimento da plenitude da vida, produzindo uma colheita de esperança num mundo empobrecido de esperança, e o milagre do amor no coração de uma humanidade sedenta por verdade, ternura e redenção. É sempre mais tentador a produção das catástrofes do mal porque alimenta o orgulho desmedido de controle, status e poder. Mas quem, corajosamente, conseguiu atingir um estágio significativo de benevolência, sacrificou uma parte do seu ser em prol de outro ser, atenuando os abismos das dissonâncias interpessoais, e estabelecendo uma conexão com o desconhecido que vem ao encontro de sua própria personalidade. Esse movimento de comunicação profunda e empatia não deixa de ser uma forma de transcendência, onde os limites de um ser para o outro são rompidos para o fortalecimento da comunhão entre seres tão distintos.