Comigo mesmo
"NÃO TRAGO SEU AMOR DE VOLTA".
Li num muro em Botafogo sentido a laranjeiras e daí pra cá comecei a perceber que estou na fase de maior autoconhecimento da minha vida. Veja bem... Tenho pouquíssimos amigos, tenho me preocupado só comigo na maior parte do tempo, não tenho me negado nada. Conheci pessoas maravilhosas e as tenho conhecido a cada novo dia; seja nas baladas, nas redes, enfim.
Comecei entendendo que se na vida você sofreu muito por qualquer motivo, é natural que a mente comece a trabalhar para que você não caia novamente nesse abismo, afinal a escalada ao topo é dura e exige um controle mental quase que absurdo.
Então comecei a me conhecer melhor, faz pouco tempo, foi como num encontro.
Numa tarde chuvosa que datava 15/03 sentei comigo mesmo, como um gesto de consolo me peguei pelas mãos e me falei tudo que deveriam ter me falado um dia, que eu era difícil, mas que com paciência eu era amor.
Sentado comigo mesmo chorei, mas não demorou muito para que eu voltasse a sorrir, e, por longos anos eu não sorria daquela forma.
Sentado comigo mesmo aceitei minha partida em silêncio, sem lágrimas, com um aperto de mão e um sorriso branco me despedi daquele outro eu, um outro eu que deveria ter saído de cena em outros tempos, mas ele era forte sabe? Ele quem me levantava quando meu corpo só queria cama. Era esse outro eu que me lembrava que a vida era dura e bela; ele quem me resgatava da parte mais sombria que existe em mim, mas eu me despedi.
Sozinho comigo mesmo, sentado no portão enquanto fumava um cigarro acenei de longe para aquele eu que ia embora, e até a chuva se foi, percebi que a tarde chuvosa era apenas aqui dentro, porque meu outro eu carregava o mundo nas costas, que nós carregavamos, emanavamos energia demais, pés fincados ao chão em demasia, éramos inabaláveis por fora;
por dentro
ÉRAMOS O CAOS DESPERTO.
Paschoal, George