Coisas minhas
te disse que não conseguia me ver como alguém que escreve. você sorriu. era uma lógica muito natural pra mim. sempre foi. não me colocar em um lugar que não sei se realmente sou capaz de estar.
ou que mereço estar.
e eu nunca consegui merecer muitas coisas.
eu nunca consegui ser muitas coisas.
mas sei que há verdade no pouco que consigo e há muito do pouco que consigo nas minhas poucas palavras.
e isso, de alguma forma, devia bastar.
então eu digo “são só palavras”. ainda que não sejam nunca só palavras. nunca uma coisa é só uma coisa e eu também não sou.
a voz repete enfática “são só palavras” e eu digo quase que num lampejo “mas são minhas palavras”.
e lembro que restam poucas coisas minhas nesse mundo.
isso devia bastar.