O peso e a leveza de ser quem sou
É complicado perceber as próprias limitações, mas ao menos tenho ideia de que as tenho em mim, diante das mais variadas situações. Num primeiro momento, me ver limitada causa certo receio, porque me lembro imediatamente de que estou, exatamente agora, dentro de um planeta girante, no meio de uma escuridão insondável, frente à frente com a ordem e o caos do mundo e do que há fora dele. Também tenho consciência da autorresponsabilidade, porque falar de limitação já pode me levar automaticamente a esquecer de que também sou responsável por uma parcela considerável de fatos, os quais constroem um pedaço da minha vida e da vida dos outros e desta época. Me passa rapidamente que o fato de estar limitada significa não poder controlar quase nada e isso me tira quilos e quilos das costas. O peso e a leveza de ser quem sou no mundo, de algum modo, me ancoram entre os sonhos e a realidade, entre o que sou e o que quero ser, entre o que posso ou não fazer, até onde ir, o que deixar ir e o que absorver. Termino de pensar e engulo com desconforto o último gole de café já frio, que me convida a resumir tudo o que me submeti a dizer anteriormente em somente uma frase. Digo de mim para mim mesma: "faz o que está no seu alcance, porque dar conta de tudo é muita coisa".